Por Jaqueline Stori – 26/05/2021
O universo feminino sempre foi visto de certa forma como uma incógnita ou um universo difícil de penetrar e de conhecer à fundo. As artes, em todos os seus seguimentos sempre exaltou, contemplou e indagou o mistério, a plenitude e o encantamento deste universo ímpar, detentor de um poder único capaz de reger ciclos da psique humana em todos os seus aspectos.
Escrever, cantar, poetizar, interpretar, esculpir, desenhar e pintar o encanto e a força da essência feminina é um dos grandes deliciosos desafios da ciência, da história e das artes. Vários artistas inclusive dedicam anos de trabalho somente a este universo, por sentirem que este é uma fonte infinita de recursos imateriais que quanto mais trabalhado mais riqueza oferece.
Muitos são os artistas que mergulham no universo do imaginário e particularmente o do feminino, não só porque gostam ou se identificam com ele, mas principalmente por senti-lo. E quando se sente algo é porque aquele algo está em nós, adormecido ou não. Pegar um lápis e desenhar o que está em nosso imaginário não é somente um ato de passar para o papel as formas do nosso pensamento. É muito mais que isso: é deixar sair o que sentimos e enxergamos sobre perspectivas ligadas à nossa alma. Esta definição pode até parecer óbvia, porém, o conceito por trás da obviedade aparente implica numa complexidade profunda.
O fato é que para emergir deste abismo sem fim precisa-se estar submerso nele, pois sem submerção não há como chegar na emerção. E quando nossa alma encontra-se num estado permanente de mergulho tudo que se manifesta no exterior retorna para o interior. Sim, um pouco complexo, paradoxo e complicado para entender. Contudo, para sentir é fácil, desde que estejamos prontos para isso. Estar pronto nem sempre significa estar preparado, principalmente no caso das artes que sempre surpreende por sua natureza transitória e inconstante. No caso das artes, estar pronto significa simplesmente se permitir.
Se permitir foi o que a artista visual Fátima Marques fez desde que saiu de uma vida profissional bem sucedida porém, estressante. Bom para ela, bom para o mundo das artes, bom para os apreciadores das artes e para o público em geral. Tal desgaste fez com que a artista permitisse externar sua potência, talento, imaginação, criatividade, força interior e sua essência feminina.
Fátima Marques, que mesmo se interessando pelos desenhos desde criança, no ano de 1975 decidiu cursar Administração de Empresas. Após concluir o curso, entrou no mercado de trabalho, ficando por mais de 30 anos atuando no setor de marketing como alta executiva em várias empresas multinacionais, numa época que para as mulheres em especial, a dificuldade em exercer altos cargos em grandes empresas era mais difícil que nos dias de hoje: um mundo muito masculino na época e como tal muito lógico. Sendo assim, tive que me adaptar e ser muito lógica e racional. Mas, independente desse componente do mercado, minha personalidade sempre foi inquieta na busca da perfeição. E foi exatamente esse componente, e com muita qualidade e responsabilidade, que alcancei altos cargos como diretora de marketing nas empresas, contou a artista.
Após três décadas de uma carreira consolidada e da pulsante essência artística que ao mesmo tempo adormecida gritava para o despertar, Fátima Marques, ainda em sua vida executiva, no ano de 2004, resolve sair da exaustão tomando a pintura como seu repouso: tive aulas em ateliês de pintura, fiz cursos de história da arte, visitei diversos museus pelo mundo (em viagens de trabalho onde não perdia a oportunidade de conhecer as diferentes culturas), e com isso, pude manifestar através da pintura minha sensibilidade feminina que não deixava transparecer no dia a dia, revelou ela.
No exercício da arte desde 2004, Fátima Marques resolve investir na mesma, vislumbrando um futuro próximo, onde dedicaria 100% de sua vida profissional não mais como executiva, mas sim como artista visual. Por fim, em 2008, a artista consegue desvincular-se totalmente do mundo das empresas, mesmo já tendo em seu currículo, Exposições em algumas galerias, publicações e livros com diversas premiações, desde o início da fase transitória do mundo executivo para o mundo das artes. Finalmente conclui seu objetivo e torna-se artista plástica profissional: Mais do que uma realização profissional, a necessidade em me expressar, de expor meus sentimentos, meus sonhos, emoções, reflexões… Enfim, a sensibilidade do lado feminino que todo ser humano tem, explicou a artista.
Arte do imaginário do universo feminino que são reveladas e ocultadas pelas obras dessa grande artista, que caracteriza este universo com suas singularidades em uma paleta de cores vivas, sóbrias, fortes e delicadas conforme a essência feminina. Presença marcante e visível do elemento água, do invisível (porém muito presente na natureza pintadas pela artista) elemento ar, e da terra onde pisam os pés descalços de suas personagens. De fato, uma sensibilidade atípica, ao passar para suas telas figuras femininas esguias, jovens, de cabelos longos, vestes leves e soltas, pés descalços, semblantes serenos e misteriosos com toque de sensualidade e liberdade. Todas estas características que figuram as personagens criadas por Fátima Marques, encontram-se num cenário de um mundo imaginário e real ao mesmo tempo. Real porque suas lindas mulheres sempre estão em ambientes reais como o interior de uma casa, ou exteriores como países, cidades ou mesmo objetos. São ambientes diversos, distintos e diferentes em cultura que interagem com as figuras femininas de maneira surreal fazendo a intercessão entre os dois mundos: o mundo real e o mundo dos sonhos.
Ao contemplarmos as obras da artista podemos sentir a forte ligação entre interior e exterior. Obras que tem a razão e a emoção caminhando juntas, mas que nos levam exatamente à realidade em que vivemos que é a de lidar com nosso turbilhão de emoções em consonância com a razão, que para nós ainda são vivenciadas, sentidas, experienciadas e vistas como dois rios que correm para lados contrários. E é justamente este o maior desafio que buscamos para nós: o equilíbrio entre os opostos. Segundo a artista o conceito de sua arte baseia-se em retratar a vida sob a ótica de várias possibilidades que estão abertas à todo momento, mas que por vezes não enxergamos por estarmos muito arraigados às nossas verdades concretas geradas pela mente, ao mundo em que vivemos fisicamente onde muitas vezes não escutamos nosso coração ou intuição, e por isso acabamos entrando em conflito com os dois mundos (exterior e interior): para mim o conflito é um sinal de que existem verdades mais amplas e perspectivas mais belas e possíveis. A proposta é se deixar seguir pelo “Eu Superior”, pelo Divino que há em nós e pela liberdade das múltiplas escolhas, explicou ela.
A figura feminina para Fátima Marques, não se restringe somente ao papel e a importância da mulher na sociedade e no núcleo familiar. Para ela, a essência da natureza feminina é o sagrado por esta fazer parte da criação universal e por ser presente em todos, sem distinção de sexo. A energia feminina rege o universo tanto quanto a energia masculina. Os dois em equilíbrio agem deliberadamente nos ciclos da natureza humana e nas energias cósmicas, influenciando e movimentando tudo e todos, ainda que não sintamos ou pensemos que nada tem a ver. E, é esta conexão que fala à Fátima Marques, fazendo com que a mesma através de sua arte, fale ao expectador e esse possa também fazer sua conexão.
Obras sofisticadas, que exploram não só tons de cores fortes e neutros em equilíbrio harmônico, como também traços geométricos e precisos, com muita luminosidade, utilizando a técnica do óleo sobre tela, influenciada por grandes pintores Renascentistas como Leonardo Da Vinci, Michelangio, Rafael e também do Barroco como Caravágio, ambos do século XVI.
E como não poderia deixar de ser, todo este talento já percorreu e continua percorrendo o Brasil e o mundo. As obras dessa maravilhosa artista já estiveram presentes em várias Exposições individuais e coletivas aqui, como no exterior. No exterior a artista participou de diversas coletivas em Paris/França, EUA, Portugal, Itália, e outras cidades, tendo nesta última, o merecido reconhecimento com o primeiro lugar em pintura. No Brasil, continua expondo suas obras mesmo em meio a pandemia, participando de belíssimas e importantes Exposições Virtuais em sites referente à arte visual brasileira e internacional.
Por tudo isso, podemos não definir exatamente, mas sim afirmar, que as obras dessa excelente artista, além de sua identidade atemporal, reverenciam a magnitude e o sagrado da supremacia feminina em todo seu esplendor, força, poder e essência, transbordando na plenitude de seus mistérios o desafio do autoconhecimento e a ligação com o “Eu Supremo” que se desvenda dentro de nós!
Viva Cultura!: Fátima, obrigada pela entrevista e por nos permitir divulgar e apresentar sua arte, para nossos leitores.
Fátima Marques: obrigada a Viva Cultura! pelo convite e pelo espaço!
SERVIÇO:
Mais informações sobre a artista em:
NOTA: todas as imagens gentilmente cedidas pela artista Fátima Marques.
PRESTIGIE A ARTE BRASILEIRA!