Por Jaqueline Stori – 13/03q2020
Do desalento por não ter nascido com o dom da pintura, Fernando Priamo, ítalo brasileiro, nascido na cidade de Juiz de Fora Minas Gerais, um apaixonado pelas artes, principalmente pela pintura e pela diversidade cultural, fez da fotografia sua ferramenta para expressar seu talento e sua arte visceral. Para nós, o público, foi ótimo ele não ter seguido o caminho da pintura. Claro, que não pela pintura e tão pouco porque se pintor fosse, seria um desastre: absolutamente! Ótimo pelo fato de ter trilhado o caminho da fotografia e por isso, hoje, o Brasil tem um dos melhores e maiores fotógrafos do país e do mundo, que privilegia o expectador com belíssimas imagens munidas de uma estética visual única.
Sim, senhoras e senhores, Fernado Priamo, é daqueles poucos que conseguem trabalhar com o imaginário, o criativo e o sensorial, através de uma máquina, literalmente. Sabemos que no universo das artes visuais em especial no mundo fotográfico, nem todas as fotografias são realizadas enquanto arte, assim como nem todos os fotógrafos são artistas. Porém, por seu trabalho, conceito, contexto, intuição e talento nato, podemos denominar Fernando Priamo como um artista fotógrafo, que vai além de reproduzir belas imagens: ele as concebe!
A fotografia entrou desde cedo em sua vida, e na década de 90, na cidade de São Paulo, resolveu fazer especialização em fotografia de Moda e Fine Art. A partir daí, no ano de 1999, à convite, passou a integrar o corpo de foto-jornalistas do Jornal Tribuna De Minas em Juiz de Fora, permanecendo no fotojornalismo até 2016, onde ao final deste período tornou-se editor de fotografia. Além do trabalho na Tribuna, trabalhou para diversas agências de publicidade, revistas, agências de notícias e também outros grandes Jornais como Folha de São Paulo, Estadão e Estado De Minas.
Sua experiência nas ruas como foto-jornalista trouxe a intimidade com a Urban Art (Arte Urbana), que passou também a ser uma grande influência em sua Fine Art. Estudos e pesquisas iniciados em 2010 focados na Arte Renascentista Italiana, mais propriamente nos pintores italianos, passam a integrar a composição artística das fotografias concebidas por ele.
O fotografo revela que as cores, as sombras, os traços, o jogo de luz, a simetria a estética renascentista italiana, são generalidades que dialogam com sua essência artística e pessoal: quero que minhas fotos tenham as cores da Capela Sistina pintada por Michelangelo, as expressões, inquietudes e direcionamentos à luz dos quadros de Caravaggio, a perseverança de Claude Monet que pintou seu jardim diversas vezes e toda vez que o pintava extraía do mesmo, diferentes e variadas cores, aspectos e imagens. Sua perseverança em buscar numa mesma imagem outras formas e beleza mil vezes é simplesmente fascinante, exclamau Fernando Priamo!
Certamente que muitas obras de arte e muitos artistas, tem seus nomes e trabalhos atravessando séculos e gerações, devido a magnitude e abrangência conceitual e contextual de suas obras fora e dentro de seu tempo. São as chamadas obras atemporais que sempre farão parte da história. E é na atemporalidade que este fotógrafo intenciona sua arte quando diz não tentar captar com sua câmera o instante: quero que minha urban art seja também para o futuro. Para daqui muitos anos. Ela é muito mais que o exato momento. Trabalho para que o expectador também viaje, lembre de algum momento por onde passou ou viveu alguma experiência. Enfim, para que o expectador se transporte do ponto onde parei para fotografar e consiga imaginar todo caos urbano que ali está: a inquietude das pessoas dentro dos metrôs, o silêncio dentro dos museus e tantos outros aspectos comportamentais e emocionais pelo qual vivenciamos no mundo urbano dia a dia. É isso que tento passar. Quero que minhas fotos estejam sempre à frente do tempo presente e que possam fazer sentido após outros tempos. Por isso, sempre busco uma imagem global, gigantesca, pois acredito ser essa a maneira de nascer uma boa foto para mim, afirma Fernando Priamo.
O fotógrafo que sofre influências diretas da pintura renascentista italiana viaja por todos os continentes para encontrar suas imagens. Afirma não estar sozinho em suas peregrinações e que seu olhar e intuição são sempre guiados pela espiritualidade: sinto-a em cada click que faço. Sinto sua presença comigo em cada lugar, na música que toca no meu fone de ouvido, no aroma dos perfumes, dos alimentos, no olhar diferenciado que dou ao objeto ou local fotografado. Tenho certeza que sou conduzido por ela, relatou ele.
A fotografia de Fernando Priamo como falamos acima, é única. Suas fotos são compostas de diversos elementos urbanos como metrôs, trens, bondes, automóveis, pessoas andando de bicicletas e transitando pelas ruas, monumentos, edificações, grandes relógios urbanos, objetos de consumo como tecidos, louças, sapatos, espaços de convivência, escadas rolantes, sinaleiros e tudo o mais que possui numa metrópole ou que sua intuição lhe mostrar. Dona de característica exclusiva no Brasil e no mundo, sua fotografia traz uma paleta de cores sobre forte influência da pintura renascentista italiana e da elegância do mundo da moda, com cores quentes e vibrantes que junto à sobreposição de imagens, resultam em belíssimas obras de arte fotográficas contemporâneas dotadas de uma estética visual deslumbrante, harmoniosa, sofisticada e requintada.
Outro traço característico e também muito importante nas obras desse fotógrafo é o cuidado e a sutileza para que suas imagens não caiam no abstrato. Suas fotografias são compreensíveis, sempre preservando a nitidez do assunto principal, que nos leva à narrativa sobre a beleza que nos cerca: Cada foto é um indicador de uma história maior. Elas indicam um ponto, uma ruptura e uma paralisação daquele espaço, daquele tempo, naquele momento, mas que te remete ao futuro por conter todo um movimento em volta da urban art. Existe um movimento dinâmico e um movimento fluído de realidades alternativas. Quero entregar ao público o fascínio que é inédito em fotografias, explicou Fernando.
Para a concepção de seu trabalho o fotógrafo desenvolveu sua própria técnica onde criou uma sistematização (um manual como ele denomina) que lhe permite fazer inúmeros ajustes em sua câmera para cada assunto diferente, onde ele não deixa que a imagem fique abstrata ou fiquem apenas vários registros iguais de uma mesma coisa. As fotografias que não se mostram 90% prontas em sua câmera são deletadas. Em termos de luz, puxa mais saturação e contraste quando a imagem pede, ou gera mais palidez e capta tons pastéis quando quer. No trabalho de edição segue quase a mesma lógica de quem trabalha utilizando recurso analógico. E como diz o ditado “todo cuidado é pouco”, Fernando Priamo se revela bem cuidadoso não só com a produção de sua arte, mas também com a preservação e a salva guarda da mesma. Para isso, ele conta com o conceituado e renomado curador, marchand e galerista Marcelo Neves (S-P), responsável por toda curadoria e tramitação comercial de suas obras. Além da solidez do respaldo curatorial de Marcelo Neves, suas obras são todas numeradas, assinadas e certificadas. Além disso, são reproduzidos somente 7 exemplares de cada imagem pois Fernando não intenciona suas fotografias circulando em ambientes que não são adequados à elas ou às artes.
Muito premiado por seu trabalho único e diferenciado, Fernando Priamo já participou de várias Exposições individuais e coletivas, no Brasil e no exterior. Entre elas a SPECTRUM MIAMI ART SHOW em Mana Wynwood, Miami-EUA, ano passado. Dentre seus diversos trabalhos e projetos como fotógrafo artístico, um, ganhou destaque especial, por tratar-se de um Tributo a Yves Saint Laurent, um dos maiores estilistas e ícones mundiais da moda e da alta costura. Trata-se de uma Série de fotografias dedicadas a Yves, que em 1966 descobriu os encantos do Marrocos e mudou para sempre o conceito da Moda Mundial.
Tão grande quanto a moda, quanto Yves, quanto a pintura e todos os gêneros artísticos culturais, é a essência do artista, que consegue alcançar, criar e distribuir o maior e melhor alimento de nossa alma: a arte! E assim é Fernando Priamo: um artista capaz de revolucionar um mercado, contextualizar uma imagem, abrir horizontes futuros através de sua lente e de seu olhar ímpar, sem desviar-se do principal caminho que é o da generosidade em fornecer alimento para a alma humana!
Viva Cultura: Fernando, muito obrigada pela entrevista e pela oportunidade em podermos divulgar seu maravilhoso trabalho! Sucesso!
Fernando Priamo: Obrigada a Viva Cultura por divulgar e fomentar a arte visual brasileira.
NOTA: todas as imagens gentilmente cedidas pelo artista.