Foram cinco anos de idas e vindas e milhares de quilômetros de imersão, ao longo da BR 163, que liga Cuiabá a Santarém. Para filmar “Amazônia Sociedade Anônima”, projeto cinematográfico do diretor Estevão Ciavatta e sua pequena equipe encararam por água, terra e ar todos os contratempos típicos de uma produção no meio de uma floresta com dimensões continentais: umidade, calor e sol fortes, quedas de energia, instalações precárias e o grande desafio de conviver com o minúsculo micuim, “o mais temido dos carrapatos”, segundo o próprio Ciavatta.
Os episódios do longa têm temas que vão da retirada ilegal de madeira à ampla fronteira agrícola da região, passando pelos altos investimentos no setor de energia e minério até a discussão sobre o futuro da maior floresta do mundo. De 2014 a 2018, Estevão e sua equipe, que contava com seis pessoas, acompanharam ações de órgãos oficiais federais no combate ao roubo de terras públicas. Nesse período, eles presenciaram as duas maiores ações do Ibama junto ao Ministério Público e a Polícia Federal no Sudoeste do Pará: as operações Castanheira e Rios Voadores. Ignorando os limites da lei, organizações criminosas começaram a avançar sobre regiões de florestas intocadas, chegando cada vez mais perto das terras dos Munduruku. Com o passar dos anos, a produção notou que as ações do Ibama não estavam sendo suficientes para combater as máfias de extração ilegal de madeira e roubo de terras.
“Não tem comando, controle, exército. Nada e nem ninguém dá conta do tamanho daquela floresta. Registrar esses episódios foi muito importante. Mas o principal foi perceber a união inédita de indígenas e ribeirinhos na defesa de seu território. Eles têm plena consciência de que cabe a eles cuidar do que há de mais preciosos no planeta. São eles que, de fato, defendem a mata. Ela não existe sem os indígenas e ribeirinhos e a ajuda aos moradores é tão importante quanto a preservação da própria natureza”, defende o diretor.
O resultado são registros inéditos da natureza exuberante da região e cenas raras de conflitos e devastações ilegais, além de flagrantes da luta incansável dos índios Munduruku na defesa por sua terra da máfia de grileiros. O documentário, uma produção da Pindorama Filmes, Imazon, Canal Brasil e Coletivo Audiovisual Munduruku, tem como produtor associado o cineasta Walter Salles.
**A estreia será nessa sexta-feira, dia 21 de agosto, às 19h, no Canal Brasil, e o longa estará disponível no mesmo dia no Globoplay.
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