Rio de Janeiro, 14 de maio de 2025

Por Redação

 

Ícone da arquitetura Moderna brasileira e mundial, edifício histórico terá vários de seus espaços acessíveis pela primeira vez.

Primeiro edifício moderno deproporções monumentais construído no Brasil, o Palácio Gustavo Capanema abre ao público vários de seus espaços a partir deste mês. O prédio, projetado e erguido entre 1936 e 1945 no Rio de Janeiro, por um coletivo de arquitetos chefiado por Lúcio Costa, acaba de passar por uma reforma de R$ 84,3 milhões, gerenciada pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), que restaura suas características originais, e atualiza suas instalações para o século 21.

Ícone arquitetônico que inaugurou a corrente mais conhecida do modernismo brasileiro, o Palácio foi feito para sediar o Ministério da Educação e Saúde Pública do governo Getúlio Vargas. Seu nome atual homenageia o então ministro Gustavo Capanema, cuja influência política viabilizou a construção de uma obra muito inovadora para sua época.

A entrada do edifício, no térreo, tem um busto de Getúlio Vargas, presidente brasileiro à época da entrega do prédio (1945) — Foto: André Klotz

Ícone arquitetônico que inaugurou a corrente mais conhecida do modernismo brasileiro, o Palácio foi feito para sediar o Ministério da Educação e Saúde Pública do governo Getúlio Vargas. Seu nome atual homenageia o então ministro Gustavo Capanema, cuja influência política viabilizou a construção de uma obra muito inovadora para sua época.

Foi também graças a ele que Lúcio Costa pôde reunir o grupo de jovens arquitetos interessados nas vanguardas que nasciam na Europa, mas atentos à cultura e à paisagem do Brasil: Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Ernani Vasconcelos. A equipe contou ainda com a consultoria do franco-suíço Le Corbusier, um dos líderes intelectuais mundiais do movimento moderno, convocado por Lucio Costa para atuar junto ao time nacional.

Detalhe da outra fachada do Palácio Capanema, resguardada por quebra-sóis — Foto: André Klotz

 

A fachada envidraçada também foi uma inovação trazida ao Brasil pelo projeto do Palácio Capanema — Foto: André Klotz

 

São de Le Corbusier alguns dos conceitos aplicados ao projeto, como apoiar o edifício sobre pilotis, liberando o térreo para a circulação da população da cidade; a fachada totalmente envidraçada, uma novidade naquele tempo; os terraços com jardim no topo de cada bloco; e as plantas livres nos interiores de cada andar, sem paredes divisórias. Tudo isso se tornou possível naquele período graças à técnica de construção em concreto armado, que tirava das paredes a responsabilidade de sustentar o prédio.

Mezanino do Palácio Capanema, uma das áreas que será aberta ao público para exposições e eventos culturais — Foto: André Klotz

ArteCultura

Não bastasse o super time de arquitetos, que coletivamente desenhou também todo o mobiliário que o edifício preserva até hoje, o palácio ainda conta com obras especiais de dois dos maiores nomes da história da arte brasileira: Candido Portinari, autor tanto dos murais monumentais que adornam a recepção do edifício e sua sala de reuniões, quanto dos painéis de azulejos que revestem parte da estrutura pública do térreo; e Roberto Burle Marx, idealizador do jardim no mesmo térreo, e também de outro, acessível pelo então gabinete do ministro.

hall da antiga recepção do chamado “andar do ministro” tem como ponto focal o monumental mural ‘Jogos Infantis’, de Candido Portinari — Foto: André Klotz

 

O mural ‘Ciclos Econômicos’, pintado por Portinari, envolve a antiga sala de reuniões do Palácio, que será aberta à visitação pública — Foto: André Klotz

 

 

8º andar do Palácio Capanema foi restaurado à sua exata forma original – todo o mobiliário foi desenhado pelo coletivo de arquitetos que projetou o prédio — Foto: André Klotz

 

Vista aérea do jardim que fica sobre o volume mais baixo do Palácio Capanema, criado por Roberto Burle Marx — Foto: André Klotz

O Palácio Capanema reabre oficialmente no dia 20 de maio, com a ocupação de vários dos seus andares por órgãos ligados ao Ministério da Cultura, como o Iphan, que cuida do patrimônio histórico nacional, e a Funarte, que promove a arte no país. “A gente quer um palácio popular, não um edifício restrito apenas ao uso administrativo ou a outras funções que não sejam de interesse público”, afirma Leandro Grass, presidente do Iphan. “Aqui teremos nos próximos anos, essa conexão da sociedade com o seu patrimônio cutural”.

A partir do segundo semestre, a população terá acesso a áreas como o mezanino, o auditório, todo o chamado “andar do ministro”, a Biblioteca Euclides da Cunha, e até a cobertura com vista para a Baía de Guanabara. O Ministério da Cultura assumiu, desde 2023, a responsabilidade pelo Palácio, que passou anos praticamente abandonado e ameaçado de ir a leilão. “Vender o Palácio Capanema seria como a França vender o Louvre, ou a Itália vender a Torre de Pisa”, defendeu Andrey Schlee, arquiteto e diretor do Iphan, na ocasião da visita dos jornalistas.
O órgão tem a intenção de realizar exposições, eventos literários, encontros políticos e outras atividades culturais no palácio renovado. Há ainda o plano de abrigar um restaurante no topo do prédio, cereja do bolo que o Rio acaba de ganhar de presente.

Ao suspender o edifício sobre pilotis, como sugeriu Le Corbusier, o projeto torna o térreo permeável à circulação — Foto: André Klotz

 

FONTE, CASA VOGUE,  por Guilherme Amorozo.

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