Exposição interativa dividida em 4 temáticas (Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Nós) e com direção-geral de Fernando Meirelles, trás logo de cara um filme de 8 minutos e introduz os visitantes às ciências cósmicas, por meio de uma projeção em 360 graus, dentro de uma enorme estrutura oval.
Falar do Universo não é tarefa fácil. Ele é tudo que existe, então não tem assunto mais longo, complexo e abrangente – afirma o astrônomo Alexandre Cherman, um dos consultores do Museu do Amanhã. A criação de um conteúdo que contasse de forma concisa a origem do Universo foi, portanto, um desafio para os criadores.
A partir do momento em que percebemos que somos um ponto muito pequeno na história da vida no planeta Terra, podemos tomar a decisão equivocada de achar que as nossas ações não influenciam em nada, mas não é bem assim. Alexandre Cherman lembra que nossas ações são relevantes para nossa vida e para o nosso futuro imediato. A humanidade não deve pensar em salvar o planeta, e sim, garantir a sua perpetuação.
Após o Portal Cósmico, a Exposição Principal prossegue na área dos Horizontes Cósmicos em que o visitante pode aprofundar os conhecimentos sobre assuntos, como velocidades, durações, densidades, entre outras áreas do saber, com o auxílio de seis telas interativas.
Os fluxos que formam a vida
A ideia do segundo momento da exposição principal, Terra, visa explorar as dimensões da existência terrestre por meio de três cubos: Matéria, Vida e Pensamento. Cada uma dessas divididas e organizadas numa perspectiva integradora e, ao mesmo tempo, diferenciadora.
No segundo momento da segunda parte da exposição principal do Museu do Amanhã: o Cubo da Vida mostra em seu exterior o que é comum, e no seu interior o que é diverso. Nesse caso, o DNA, conhecido como a “molécula da vida”, está recobrindo todo o cubo por ser o material genético que contém a informação para o desenvolvimento e o funcionamento de todos os seres vivos. O cubo logo chama a atenção por trazer 6 sequências genéticas em sua face externa, numa profusão de letrinhas (A, T, C, G) que representam as bases nitrogenadas que formam o DNA.
Cérebro nosso senso de ser e existir?
O terceiro cubo apresenta o fenômeno que nos une e, ao mesmo tempo, nos diferencia: o pensamento. Dentro do cubo do Pensamento, o visitante pode conferir com mais de mil fotos, divididas em 40 colunas que retratam diferentes aspectos de nossa vida, sentimentos e ações em todas as partes do mundo. Como pertencemos, celebramos, criamos, disputamos, acreditamos, lembramos, sentimos, amamos, produzimos e recordamos são demonstrados pelas fotografias para fortalecer a importância da diversidade cultural.
– É um labirinto de imagens, para os visitantes irem explorando esses aspectos da variedade humana que provavelmente não tinham visto antes. Ou pelo menos, nunca viram em conjunto – complementa o curador.
A proposta do interior do cubo é mostrar que a nossa absoluta igualdade é que somos todos diferentes. O cérebro está sempre reagindo às mudanças do corpo e do ambiente, por isso é o órgão que desenvolve a incrível capacidade humana de se diferenciar por meio das culturas.
Sinais de que estamos na época dos humanos
O Antropoceno, a “Época dos Humanos”, marca um novo momento na história da Terra. A parte central da Exposição Principal do Museu do Amanhã trata dessa fase em que estamos, marcados pela força planetária humana. Seis totens, com dez metros de altura cada, apresentam vídeo com dados atualizados em tempo real das principais causas do Antropoceno. O aumento da população mundial, a quantidade de resíduos tóxicos no meio ambiente e o consumo de carne e a produção de barris de petróleo são algumas dessas informações. Itens que fazem o visitante refletir sobre suas próprias ações e a relação delas com o mundo.
Os amanhãs possíveis
Para onde vamos? Essa é a pergunta que norteia os “Amanhãs”, momento da Exposição Principal em que somos inspirados a pensar sobre o futuro – que está sendo construído a todo o momento, inclusive agora. A área evidencia as grandes tendências globais e leva o visitante a refletir sobre os muitos amanhãs possíveis, sobre como nós, seres humanos, temos o desafio de construir os melhores caminhos a seguir.
Um imenso “origami” dividido com três grandes temáticas – Sociedade, Planeta e Humano – trazem estimativas e projeções com as tendências que vão moldar o futuro nas próximas décadas: Mudanças Climáticas, aumento da população mundial, a integração e diferenciação dos povos, regiões e pessoas, alteração dos biomas, aumento do número, da capacidade e da variedade de produzir artefatos e a tendência à expansão do conhecimento.
“Amanhãs – Planeta” é o momento da exposição principal que leva o visitante a questionar que planeta teremos nos próximos anos. Traz consigo uma mensagem principal: o que vai acontecer depende do que estamos fazendo hoje. Energia, clima, biodiversidade e oceanos são os principais temas abordados nesta área.
Que humanos seremos amanhã?
A criação de vida artificial, suas potencialidades e dilemas éticos são questões presentes em nosso cotidiano. A ciência também tem se dedicado à exploração espacial e à busca de vida fora da Terra. Esses são os principais temas abordados na área “Amanhãs – Humano”, momento da exposição principal que convida o visitante a pensar nos desafios e perspectivas para construirmos os Amanhãs que queremos.
Nós o amanhã acontecendo agora
O último momento da exposição encerra com o exercício da imaginação na área “Nós” que traz uma experiência bastante diferente dos momentos anteriores. Se no decorrer de toda a exposição o visitante lida com muita informação, no “Nós” ele se depara com um momento muito mais sensorial, intuitivo, imaginativo e sensível.
– Temos o entendimento que a visitação no museu deve acontecer de um modo análogo à experiência de escutar uma música. Na música, temos momentos mais lentos, outros mais rápidos, alguns podem ser mais densos ou tranquilizantes, ou seja, a experiência da exposição deve trazer essa variedade de estados de espíritos, sensações e percepções bem distintas – lembra o curador do Museu, Luiz Alberto Oliveira.
“Nós” traz uma oca dotada de um sistema de sensores, que acionam sons e diferentes padrões luminosos conforme o espaço é ocupado pelos visitantes. A oca de “Nós” simboliza uma casa ancestral, herança indígena comum de todos nós brasileiros, representando o lugar onde se dá a continuidade da cultura.
– A ideia foi fazer algo inspirado em uma oca dos índios brasileiros, que é o lugar onde se dá a transmissão da cultura. Os diferentes clãs da tribo se reúnem nessa casa coletiva, e é ali, durante as cerimônias, que os mais antigos relatam para os mais novos as lendas, histórias, narrativas e os mitos que compõem aquela cultura – ressalta Luiz Alberto.
Esse último momento traz o único objeto físico do acervo do museu, o churinga, objeto dos aborígenes australianos que simboliza exatamente aquilo que o museu pretende se tornar: uma via de conexão entre o passado e o futuro, um dando continuidade ao outro.
– Precisamos entender o presente não como um momento passageiro, entre um passado já dado e um futuro à nossa espera, mas como esse local de conexão onde o passado desagua e de onde o futuro desabrocha – finaliza o curador.