Medeias de diferentes idades, gêneros e nacionalidades continuam habitando este planeta. A Medeia de hoje é a mãe solteira cujo pai rejeitou os filhos, é a garota de catorze anos que os adultos declaram pronta para casar, é a profissional que não é levada a sério por ser mulher, é a funcionária que precisa se dobrar aos caprichos do patrão para não perder a única fonte de sustento. São também os banidos e banidas, estrangeiros e estrangeiras sem lar que não podem voltar à terra de origem, nem são considerados cidadãos na terra onde habitam.
“MEDEIA – Tragédia Digital Ao Vivo” é uma adaptação do texto de Eurípedes à linguagem dos tempos atuais de isolamento pela Sórdida Companhia. Na sala de conferências virtual, a feiticeira Medeia vê sua vida virar do avesso depois de ser abandonada pelo marido e banida da cidade onde mora. Enquanto isso, o coro de mulheres julga os acontecimentos, reis mandam e desmandam e Medeia arquiteta uma cruel vingança para punir os responsáveis pelas humilhações e privações a que ela e seus filhos são submetidos.
A montagem, embora apresente uma linguagem mais contemporânea, manteve a essência poética e a estrutura das tragédias. As discussões levantadas por Eurípedes no original e ainda relevantes nos dias atuais estão presentes, como as diferentes formas de machismo, o patriarcado e a sororidade, a cooperação entre as mulheres, a xenofobia, as consequências negativas da ganância por status e dinheiro. Todas estas questões propositalmente ganharam destaque tanto na adaptação do texto quanto na encenação. Um dos grandes fatores que colaborou para este efeito é a presença quase constante das duas mulheres do coro que, quando não comentam verbalmente as ações, trocam olhares com público, personagens e entre si.
Durante os ensaios online, os atores e o diretor, Marcos Suchara, perceberam que as telas adicionavam uma nova camada à montagem, intensificando a angústia do isolamento e a impotência já presentes no texto original, daí a decisão de estrear virtualmente. A atriz Marcela Gibo, que assina a direção musical do espetáculo e compõe o coro de mulheres, diz que “depois que encaixamos a tragédia nessa plataforma virtual, não consigo parar de ver a Medeia como a esposa violentada durante a pandemia que pede socorro com gestos velados através de videocall com as amigas.”
“Medeia não é só a esposa com sede de vingança e assassina dos próprios filhos, como costuma ser conhecida. Ela é a mulher subjugada, desrespeitada, repudiada e reprimida, que tem que ser forte e feroz para conseguir segurar e conduzir as rédeas da própria vida. Como ainda acontece com muitas mulheres de hoje em dia, infelizmente”, complementa o diretor Marcos Suchara.
“Nossa intenção é quebrar a imagem simplificada de mulheres tidas como sórdidas, mostrando o humano apagado pelo machismo”, conta a atriz e roteirista Stephanie Degreas, que interpreta Medeia e também assina a tradução e adaptação do texto para esta montagem. Ela explica que manter a adaptação o mais fiel possível ao texto original é uma maneira de chamar atenção para o fato de que, mais de dois mil anos depois que ele foi escrito, muitas das questões levantadas na peça ainda são assustadoramente contemporâneas.
“MEDEIA – Tragédia Digital ao Vivo” estreia sábado (06/03) via Zoom e fica em cartaz até o final do mês de março. Os ingressos são gratuitos e estão disponíveis pela plataforma Sympla. É possível encontrar mais informações sobre a peça, curiosidades, e entrar em contato com a Sórdida Companhia por meio de suas redes sociais.
FICHA TÉCNICA
Direção: Marcos Suchara.
Elenco: Gustavo Andersen, Heidi Monezzi, Marcela Gibo, Marcos Suchara, Ricardo Aires, Stephanie Degreas e Tiago Garcia.
Tradução e Adaptação do Texto de Eurípedes: Stephanie Degreas.
Direção Musical: Marcela Gibo.
Músicas Originais: Marcela Gibo. Canção “Tis Xenitias O Ponos”: composição de Antonis Diamantidis Dalgas, arranjos de Marcela Gibo.
Operadora de Som e Vídeo: Carla Cocenza.
Desenho Sonoro: Cecília Lüzs.
Projeto Gráfico e Mídias Sociais: Danielle Felicetti.
Assessoria de Imprensa: Adriana Monteiro.
Produção: Louise Bonassi.
Instagram: @sordidacompanhia
Facebook: facebook.com/sordidacompanhia
SERVIÇO:
Gênero: Tragédia.
Temporada: De 06/03 a 28/03. Sábados e Domingos às 20 horas.
Ingressos: Gratuitos (sujeito a lotação).
Classificação Indicativa: 14 anos.
Duração: 55 minutos.
**Transmissão via Zoom e vendas para todos os dias do evento pela plataforma Sympla. (será enviado esse link da plataforma do Sympla)
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