Por Jaqueline Stori – 13/12/2022
Música, festa, casa noturna, discoteca, comemoração e tudo mais que faz parte da alegria de viver dentro do universo boêmio! Quem nunca vivenciou uma noitada? Quem não gosta ou nunca experimentou um birinaite? Quem nunca saiu para curtir uma noitada sozinho, ou com amigos? Quem não gosta ou nunca participou de uma mesa de carteado?
Um mundo de diversão onde tudo converge para diversas experiências coletivas e individuais, que ficam guardadas em nossas memórias, registradas em nossas estórias e que nos remetem a engraçados e bons momentos.
A vida noturna sempre foi, digamos assim, “cobiçada” por todos desde que começou a existir no mundo. E quem teve a oportunidade de viver as diferentes fases dessas décadas, principalmente os áureos tempos da discoteca, da explosão do rock, e o saudoso ativismo irreverente e inteligente da década de 80, tem é bagagem para oferecer ou como diz o ditado: tem é história pra contar!
Agora, imagina desenvolver e criar arte dentro deste ambiente efervescente? Imagina dar vida as pessoas, aos seus rostos, às suas “loucuras”, aos seus movimentos, captando a atmosfera local, com direito a um cenário cuja iluminação é um dos elementos primordiais à composição do ambiente?
Sabemos que artistas procuram os mais diferentes e diversificados lugares, principalmente os ambientes externos, para desenvolverem sua arte. Cada um com o que se identifica mais, ou com o inusitado para si, buscando o desafio de estar fora de sua zona de conforto e afinidade e vice-versa. No geral, o público quando se depara com um artista criando suas obras no mesmo local que ele está ou costuma freqüentar, organicamente, cria um vínculo afetivo com a obra e a ação daquele artista. É como se o espectador participasse daquele momento de criação. No entanto, se para o espectador é como se participasse, para os artistas é participação, mesmo que de forma indireta. As antenas de um artista junto à sua criatividade, captam tudo e todos ao seu entorno, levando-o ao caminho da materialização de sua imaginação em forma de arte.
Dentro deste contexto, um dos artistas que realiza com erudição a arte de criar arte dentro de ambientes de alta circulação de pessoas, onde para ele, mais do que público, são fontes de inspiração de suas obras. Estamos falando do artista visual Marco Aurélio da Silva, conhecido no mundo das artes como Markora.
O artista, autodidata, nascido em Blumenau – SC, contou que desde sua infância (década de 70), começou a mostrar interesse e habilidade para o desenho a mão livre, criando estórias em quadrinhos que roteirizava e desenhava. Naquela fase, era uma forma de dar vazão à sua imaginação e inventividade diária. Já na sua adolescência (década de 80) por volta de seus 16 anos, começou a trabalhar em uma serigrafia como auxiliar de desenhista, produzindo artes para embalagens e camisetas. Posteriormente à este trabalho, Markora atuou no mercado de publicidade e propaganda.
Ainda no período anos 80 o artista revelou ter tido contato com uma biografia de Salvador Dali (Dali O Bufão Surrealista – Meryle Secrest – editora Globo), e que após este contato, por influência, passou a se interessar por história da arte e pintura, e como conseqüência começou a fazer cursos de pintura a óleo sobre tela, começando assim a criar suas primeiras telas estilo surrealista.
Todavia, foi a partir dos anos 2000 que Markora mergulhou de cabeça na produção de suas obras, criando sua arte seguindo traços estéticos e referências dos gêneros surrealista, cubista e expressionista. Além dessas referências, o artista tem predileção por determinadas temáticas sendo uma especial: a vida noturna. Porém, ele afirma que pintar ao vivo nestes espaços, não é somente por gostar de ambientes descontraídos. Foi também uma forma que encontrou em comercializar suas obras diretamente com o público, sem a dependência de patrocinadores, intermediários e também organizar exposições para tal fim: pintar ao vivo durante festas noturnas foi uma forma de expor minhas idéias e comercializá-las sem intervenções de profissionais do mercado. Na noite, as pessoas estão mais receptivas para a arte. Estão descontraídas e se permitem ser mais emotivas, digamos. Acho que no ambiente festivo da noite consigo estabelecer melhor conexão com o público. Mesmo o fato de muitos estarem alcoolizados, é positivo para o estilo de arte que desenvolvo: expressionismo/cubismo. Para mim, o que mais importa é o sentimento que se quer transmitir e não a perfeição ou o realismo do trabalho final. Os baladeiros estão mais sintonizados com a filosofia criativa, explicou ele.
E é sobre este universo infindável do expressionismo/cubismo, que este grande artista expressa todo seu potencial, talento e criatividade. Suas obras proferem alegria, descontração, prazeres da vida, e outros bons momentos que vão da nostalgia à alacridade do tempo presente. Segundo Markora, por sua arte não ter compromisso com a arte figurativa, faz com que esta se torne mais excitante para si. E podemos concordar com esta afirmação, porque é perceptível esta excitação em suas obras, no que diz respeito também ao conceitual. Rostos desconstruídos evidenciando olhos e bocas que exprimem movimentos vorazes, mesas de som de DJ’s, mesas de carteado, movimentos de dança, baldes de gelo com bebidas, rostos enamorados e até mesmo pessoas entediadas em sua própria companhia, sentadas com sua bebida como se fosse indiferente à toda agitação das baladas, buscando talvez um refúgio ou fugindo de algo.
Um misto de emoções e sensações vividas coletivamente e individualmente, que despertam o entusiasmo no expectador, em traços e formas oriundos do cubismo, surrealismo e expressionismo, mas com características estéticas bem peculiares que se harmonizam com uma paleta de cores fortes, quentes e vibrantes, dialogando com a atmosfera e cenário noturno, em consonância com a euforia e entusiasmo das pessoas. Arte impactante pelo seu conjunto de composição artístico, as obras de Markora não oferecem caminhos à diferentes e diversas interpretações, somente. É uma arte que magnetiza e atrai. Uma arte capaz de levar nosso imaginário para definição de seus traços e formas, em outros traços e formas que nos permite redesenhar, descobrir e redescobrir em nossa imaginação!
Com toda sua trajetória artística e também de pintar ao vivo, Markora foi ganhando visibilidade no cenário das artes visuais, conforme o sucesso de suas obras. Seguindo esta trajetória, o artista começou a expor em diversas exposições coletivas e também individualmente, desde 2019, e não parou mais. Em 2019 realizou uma “mini exposição”durante um grande evento no Distrito Federal em Brasília, o Innova Summit”, com o tema “A Inovação Nas Artes Plásticas”; Em 2020, participou da exposição coletiva “Olhares Especiais”, na Galeria Marcelo Neves em São Paulo; Em 2021 teve sua primeira grande individual, intitulada “Liberdade”, também na Galeria Marcelo Neves, tendo ampla divulgação na mídia, devido ao grande sucesso. Em 2022, Markora participa da sua primeira exposição coletiva internacional, na Galeria Milanesse em Milão, Itália. E para os anos de 2023/2024, a agenda do artista já está recheada de novas exposições em várias cidades e Estados, como Curitiba, Brasília, Salvador, além de outras capitais, e também exposições internacionais.
Claro que tanto talento não passaria desapercebido aos olhos da mídia, do mercado, e principalmente dos apreciadores da arte. Tanto, que após o trabalho desse talentoso artista alcançar o merecido lugar, acabou despertando o interesse de um patrocinador. Um pouco antes do início do lockdow, no ano de 2020, o artista assinou contrato com este patrocinador, um colecionador de arte da cidade de Londrina no Paraná. O patrocínio trouxe para Markora a possibilidade de viabilizar vários projetos, através de parcerias com outras pessoas e empresas, incluindo também a realização de esculpir algumas de suas pinturas. Markora ainda não começou a criar suas esculturas. No entanto, por tratar-se de uma antiga idéia de realização que surgiu quando pintava seus quadros em boates, ele revelou que num futuro bem próximo iniciará sua produção de esculturas, além de outros projetos que ambiciona realizar.
Por tudo que apreciamos nas artes podemos atestar que o trabalho deste maravilhoso artista, revoluciona e inova não só por suas atinentes características, mas principalmente pelo poder de acesso que ele oferece ao público, em permitir diversas e diferentes construções imaginárias, em cima de suas desconstruções. E o mais interessante, é que as construções imaginárias do público se formam também em outras desconstruções, reafirmando categoricamente autenticidade ao conceito mais relevante de sua arte em seu todo: a liberdade de criação e construção, cada qual ao que se sente e vê!
Viva Cultura: Markora, muito obrigada pela entrevista e oportunidade em apresentarmos sua arte para nossos leitores e público em geral!
Markora: agradeço a Viva Cultura por pelo convite e por divulgar e fomentar a arte visual brasileira.
NOTA: imagens gentilmente cedidas pelo artista Markora.
PRESTIGIE A ARTE BRASILEIRA!!