Arte Visual

A arte inspiracional do artista visual Cláudio Takita

Obra Amy, de Cláudio Takita

Por Jaqueline Stori – 09/01/2024

 

Arte oriental? Arte tecnológica? Arte abstrata? Arte figurativa? Arte vintage? Pop art? Arte urbana? Arte inspiracional? Vários estilos e gêneros, ou mergulhar em infinitas possibilidades e transformá-las em uma única identidade, inconfundível aos atentos olhares e diferentes percepções?

No campo das artes tudo é subjetivo tanto como real. O fato é que toda subjetividade acaba implicando em diversas formas palpáveis que chamam outras subjetividades, que por sua vez se tornam outras realidades e assim vai. Certamente o fio condutor do imagético à materialidade é sem dúvida a criatividade  que após seu start, fundamenta- se em estudos, experiências e pesquisas até chegar na concretização material. E chegar nesta materialização não é somente criar o que se imagina, mesmo com os mais diferentes e diversos recursos existentes. É principalmente, talvez, transmitir abstrações que não se materializam, mas que são sentidas. É como alcançar o sensorial das pessoas, através da própria energia só que de uma forma materializada onde todos podem tocar, mergulhar, inspirar-se e até mesmo transcender.

O artista Claudio Takita com uma de suas obras em Exposição
Imagem: Facebook do artista

E neste caso, a arte aqui apresentada, tem sua matriz criativa no inspiracional, segundo seu criador. Estamos falando do artista visual Claúdio Taquita, que assina artisticamente Cláudio Takita, referindo-se à sua origem étnica oriental. O artista tem formação acadêmica em administração de empresas com ênfase em marketing, pela PUC de São Paulo, cidade onde reside.

Cláudio nos contou que gosta de desenhar desde criança e foi então incentivado por um tio (por parte de mãe) formado em artes plásticas no Japão. Ele lembra que este tio trouxe do Japão uma enciclopédia visual que reunia estudos de anatomia de Michelangelo, como modelo para desenhar, e que isto influenciou ainda mais seu gosto pela arte. Ainda na faculdade, em seu terceiro ano de administração, resolveu ingressar numa agência de publicidade, no departamento de criação, onde afirma que esta foi sua base de formação artística e criativa, e que de lá para cá não parou mais de produzir arte.

O artista tem como uma de suas fortes características a produção de obras em séries, e para cada uma delas desenvolve diferentes trabalhos voltados para variados estilos estéticos visuais, conceituais, técnicos, poéticos e tecnológicos. Artista multimídia, sua arte apresenta um amplo repertório de múltiplas linguagens e expressões, não só nas obras em séries, como em todas as outras. Pinturas, instalações, desenhos, tecnologia criativa que desdobram-se em criações inusitadas referentes à diversos estilos, que dialogam harmonicamente entre si, apresentando técnicas ou (e) soluções criativas exclusivas.

Obra, Nihon Hagaki, de Claudio Takita

No caso de suas séries, por exemplo, Cláudio Takita dá para cada uma delas técnicas diferenciadas resultante de seus estudos e experimentos não só no campo da plasticidade, mas também no campo tecnológico, onde desenvolve tecnologias não para adaptá-las à sua arte, mas sim como elemento artístico agregador. Uma das muitas e diferenciadas técnicas desse talentoso artista é a “Translux”, assim denominada por ele, que deu origem a uma série de mesmo nome. Uma Série belíssima com característica estética pictórica em volume, transparência e luz, de pinturas sobre painéis de madeira com acabamento resinado e fluência das tintas escorrendo.

Tal técnica caracteriza-se pelo uso de resina como suporte, combinado com outros recursos com o uso de luz Led RGB, que inseridas em suas obras, obtêm-se cores mais intensas e puras em suas imagens, podendo também variar a freqüência de variações das cores, através de circuitos eletrônicos. Na série “Optchcrome”, por exemplo, Cláudio acabou desenvolvendo um recurso digital na elaboração de uma determinada imagem que varia conforme a variação da cor projetada sobre ela… Então, nos trabalhos desta Série, tem-se a projeção de Luz RGB, através de leds, criando assim um dinamismo visual.

Obra, Yelolow, de Claudio Takita

Já na Série “Abstrakts”, prevalece seu estilo abstracionista onde é feita uma fusão entre o figurativo e o abstrato, nos sendo apresentada uma simbiose entre imagem figurativa de uma máquina de escrever e os gestos abstratos de tintas em uma Arte que retrata uma simbólica memória afetiva. Na Série “Cult Arts”, o artista retrata temas e figuras emblemáticas, cultuadas na contemporaneidade, na qual suas criações são como que sua interpretação da Pop Art, com sua assinatura, temática e técnica.

Podemos perceber também em suas produções artísticas, sua ligação com o universo feminino, principalmente em algumas obras específicas, sobretudo sua sinergia com a sensibilidade, beleza e sensualidade feminina: para mim, a beleza feminina é o que mais me inspira e por isso aprecio muito retratar seus encantos em diversos momentos e expressões, mas com muita delicadeza, afirmou. E Talvez seja até por essa questão, que ele seja ligado à grandes estrelas do cinema de Hollywood, especialmente ás de décadas antigas, onde a beleza feminina era absolutamente natural, pois não haviam os recursos científicos, estéticos e tecnológicos utilizados atualmente pelo  cinema e TV, que favorecessem tanto a estética dos artistas.

Desta ligação com o universo feminino e da sua admiração pelos encantos e beleza da mulher, nasceu sua inspiração para a criação da Série “Musas e Divas”, com o propósito de iniciar Retratos que até então não havia feito de forma mais representativa: resolvi me desafiar e representar bem os rostos das pessoas, e pensei que nada melhor do que retratar celebridades, artistas emblemáticas do passado recente, dando um tom vintage nas obras, pois assim conseguiria ver se a fisionomia delas seria aprovada pelo público, já que desenvolvi no ano de 2013 uma Exposição somente para esta Série, contou ele.

Obra Sophia, de Claudio Takita

O trabalho desenvolvido na Série “Musas e Divas”, traz uma das várias características estéticas e conceituais utilizadas pelo artista em seu trabalho autoral, que é o estilo vintage (um de seus preferidos), trabalhado por ele desde quando era diretor de arte em uma agência de comunicação, antes de dedicar-se unicamente ás artes visuais: este estilo é um prazer visual e espiritual que me atrai… e acaba sendo minha assinatura temática, que quem conhece uma vez meus trabalhos, reconhece ser de minha autoria, quando junto este tom e temas com bases abstratas no back graound de minhas criações, explicou ele.

Uma outra característica fundamental entre as tantas que Cláudio imprime em suas obras, e talvez a primordial de sua arte, é a entrega de uma proposta visual que remeta a um ambiente, uma sensação, um envolvimento sensorial!  As músicas, por exemplo, são escolhidas por ele criteriosamente, e devem compor junto com o visual que se apresenta nos vídeos e na obra apresentada. Segundo ele tudo é pensado minuciosamente, desde a concepção conceitual até a edição com o visual mais apropriado em estilo e linguagem.

A mente inquieta e também autodidata desse maravilhoso artista, mais sua admiração e curiosidade por diversificados artistas, gêneros, expressões, comportamentos sócio-cultural e diferentes linguagens artísticas, o leva à aventurar-se em realizar releituras de obras de grandes mestres da arte visual mundial, principalmente os clássicos como Leonardo Da Vinci, Michelangelo, na obra “Creati On The”, com efeitos de neom piscando e animações editadas por ele mesmo; como Magritte, com a obra “Son Of Man”, que é uma releitura em art vídeo, entre outras.

Obra, Asa Do Desejo, de Claudio Takita

Todavia podemos afirmar que a criatividade é preponderante em todas as etapas de seu trabalho, inclusive, antes, no aprendizado da técnica e materiais empregados, na combinação dos elementos visuais que compõem suas obras de forma bem peculiar, e também em todo processo exclusivo de execução, oriundo de muita pesquisa, muitos testes e experimentos, para chegar ao resultado final pretendido. Sempre estar desenvolvendo e pesquisando novos recursos e novas linguagens com uma estética bem marcante, caracterizada por um visual com contornos e definições figurativas limpas e argumentações abstratas, é sem dúvida a identidade de todo conjunto da arte de Takita, que vai além em seu amplo e dinâmico repertório criativo, fazendo também uso da escrita em algumas de suas obras, seja em textos, poesias e letras, nas quais alcançam um valor maior do que meros complementos. Quando faz uso da escrita em suas obras, ela é o elemento que dá o tom que o artista quer remeter em suas composições. Letras ou parte de palavras em estilo forte e marcante, que objetivam o impacto visual. Mais uma das diferentes e variadas técnicas desenvolvidas por ele, cujo recurso gráfico utilizado com destreza lhe permite uma composição visual com elementos harmonizados em consonância com o resultado intencionado.

Obra, Creat On The, de Cláudio Takita

E não para por aí, o gênero Pop Art também faz parte do repertório iconográfico de Takita. Segundo ele, a pop art tem um tom e uma neutralidade de conectar as pessoas à um mundo de uma elevação emocional… quase que inspiracional, com elementos do dia-a-dia.

Diferentes e diversificados gêneros e linguagens artísticas, conceitos artísticos definidos e indefinidos, técnicas próprias, pop art, arte retrô, pinturas, instalações, abstracionismo, figurativo, arte manual, arte tecnológica, sensualidade e beleza feminina, experimentos e pesquisas, num resgate de memórias afetivas junto a um estado presente de viver, classificando  sua arte como inspiracional, devido sua essência criativa fundamentar-se na beleza que a todos sensibiliza e encanta, sem dúvida!

Por tudo isso, não é a toa que este artista extraordinário atua no cenário das artes visuais há mais de vinte anos, tendo em sua bagagem mais de quarenta exposições coletivas e individuais, nacionais e internacionais, sendo um dos artistas mais conceituado nacionalmente, proporcionando não só para o mercado das artes, mas principalmente para o expectador, um universo dinâmico,  criativo, repleto de múltiplas e diferentes expressões através da plasticidade, materialidade e tecnologia de suas obras, que encaminham à uma experiência imaginária, aflorando tanto o nosso sensorial como o emocional, nos conduzindo quase que inconscientemente à imersão em nós mesmos, resultando numa emersão mais positiva de nossa essência no que diz respeito a vida, em todos seus sentidos! E assim vamos sendo norteados pelo incomum universo de Cláudio Takita!

Arte inspiracional? Como dizemos por aí: com certeza!

Viva Cultura: Cláudio, muito obrigada pela entrevista. Sucesso!!

Cláudio Takita: Obriga a Viva Cultura por apoiar e divulgar a arte brasileira.

 

Informe: Todas as imagens gentilmente cedidas pelo artista.

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