Arte Visual

A geometria traduzida em traços e leveza na arte de L Gonzaga.

L Gonzaga.

Por Jaqueline Stori – 18/08/2018

 

O artista visual Luiz Gonzaga, mais conhecido por L Gonzaga, nasceu e mora na cidade de Niterói no Rio de Janeiro, tem 60 anos de idade e prova para muitos que o tempo só faz é aumentar nossa capacidade de produção e criação, quando queremos e quando se tem amor pelo que faz.

L Gonzaga que nos contou ter envolvimento com a arte desde sua infância,quando pedia para os adultos fazerem alguns rabiscos para que depois através desses, ele pudesse criar algo, teve sua primeira exposição coletiva junto com o Grupo Gruda de Niterói, aos 16 anos de idade, onde pode apresentar para o público três desenhos a lápis. De origem familiar  humilde, o artista fala que não havia recursos para a realização de cursos referente às artes visuais durante sua infância e adolescência e a forma que encontrou para estudar e produzir arte foi comprando alguns materiais de pintura e livros. Se na época existisse internet, meus estudos e pesquisas seriam muito mais abrangentes, afirma Gonzaga.

Obra de L Gonzaga.

Aos 18 anos entrou para o SENAC para fazer um curso de desenho publicitário. E aos 31 ingressou na faculdade de pintura na EBA (Escola de Belas Artes na UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro). Nesse tempo conseguiu trabalho no Setor Editorial do IBGE, onde exerceu as funções de diagramador, ilustrador e programador visual. Por ser um trabalho que praticamente lhe tomava todo o tempo, o artista conta que lamentávelmente teve de se afastar de suas pinturas quase que por completo retornando à suas atividades artísticas há pouco tempo.

L Gonzaga já realizou diversas exposições coletivas em espaços culturais e duas exposições individuais: uma no SESC de Niterói e a outra na Sala José Cândido de Carvalho na Prefeitura de Niterói.

Aproveitando a entrevista o artista faz questão de frizar sobre o mercado das artes visuais em especial seus comercializadores, para que por favor, abram mais os seus olhos. Mesmo tendo a função de comercializar arte que também é um produto, eu penso que estes não deveriam visar somente o lucro imediato. Infelizmente, muitos artistas, que são excelentes, desistem de produzir sua arte por não conseguirem mostrar seu trabalho. Não conseguirem espaço no mercado. Enquanto muitos, que são repetidores de fórmulas, sem pesquisa estética e etc, são colocados em patamares que na maioria das vezes nem os sustentam por tanto tempo. L Gonzaga refere-se no sentido de um mercado tendencioso que por somente visar o lucro acaba deixando de lado o valor do produto, abrindo espaço para outros produtos que não tem a relevância e o valor cultural e artístico que deveriam ter uma obra de arte. Na maioria das vezes gasta-se com lançamentos de artistas devido o boom do momento e deixam de dar acesso mercadológico à artistas que tem muito para  oferecer com suas obras recheadas de beleza, criatividade e mensagens sócio culturais e históricas.

As pinturas e desenhos de L Gonzaga, tem como características principais formas geométricas que o próprio diz ser uma ligação com o concreto: são formas porém não são a realidade. São elementos naturalmente atraentes de composição. As formas geométricas regulares são preguinantes, atraem o olhar!! São formas que transitam entre o abstrato e o concreto e que podem representar um extremo com o outro. Uma dualidade que junto com as cores são úteis e importantíssimas na composição, porque não vejo numa obra mesmo que abstrata, como algo que tenha ou deva ser resolvida apenas de modo impulsivo. Meu primeiro impulso criativo geralmente é visceral! Porém, ela, a obra, precisa ser composta e lapidada. Para mim, toda arte tem nela uma intencionalidade. Mesmo que eu ache na calçada algo que me chame atenção e queira transformar o achado em obra de arte, tenho na atitude a intenção na maneira de mostrar a composição, explica o artista.

Obra de L Gonzaga.

L Gonzaga contou que há tempos atrás tinha uma maior afinidade com o gênero figurativo e realista e que em particular não aprecia o gênero hiper realista. Na minha opinião, já que irá se fazer a reprodução exata de uma fotografia, acho então que deva usar a mesma logo de uma vez: é mais rápido. Apesar de não apreciar o hiper realismo, admiro muito os artistas que o produzem pois sei que exige muito tempo e muita paciência, afirma o artista.

O motivo das cores predominantemente claras na maioria de suas obras se dá pelo fato de L Gonzaga sentir nelas a leveza necessária na tentativa de buscar o equilíbrio com o peso de um mundo tão sufocante. Apesar da predominância de cores leves e claras, podemos observar em algumas de suas obras que não há inibição na utilização de cores escuras onde a criatividade permeia por  entre luzes e sombras.

Mesmo praticando o real e o figurativo, L Gonzaga diz fazer muito uso da imaginação e que de uns tempos para cá vem passeando pela abstração onde se permite à distração e a diversão sem às guias da realidade. Não penso aonde resultará meus trabalhos. Sinto minha criatividade, deixo transbordar minhas idéias e assim vou produzindo minha arte que além de estar em meu DNA é minha grande paixão, encerra o artista.

Viva Cultura Revista Digital: Luiz Gonzaga, muito obrigada pela entrevista e pela oportunidade em conhecermos e divulgarmos sua arte.

L Gonzaga: Obrigado a Viva Cultura também pela entrevista e pela divulgação do meu e de tantos outros trabalhos.

NOTA: imagens da galeria de fotos gentilmente cedidas pelo artista.

*Para mais informações e conhecer ainda mais as obras de L Gonzaga, visite o Instagram:

@lgonzagadesenhoepintura

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