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Obra inspirada na Santa Ceia foi vetada em exposição no RJ

Obra da artista Elvira Freitas Lima.

Por Redação – 21/08/2024

 

A artista pernambucana Elvira Freitas Lima fez um relato em suas redes sociais que há cerca de 1 mês, antes da polêmica envolvendo a Santa Ceia de Leonardo da Vinci, na cerimônia de abertura das Olimpiadas, uma obra sua, de fato, inspirada na Santa Ceia foi vetada na exposição do Centro Cultural dos Correios no Rio. A tela recebe o nome de E às vezes parece que não estou usando aquela coroa de espinhos e traz a representação dos discípulos da Última Ceia como mulheres e negros. E Jesus como mulher com longos cabelos.

Recentemente, segundo o Jornal GLOBO, o Centro Cultural Correios, no Centro do Rio, voltou atrás e exibirá a obra da artista. O quadro havia sido vetado anteriormente da exposição em cartaz O que te faz olhar para o céu?. A mudança na decisão, segundo a instituição, ocorreu em “respeito às pessoas e diversidade”.

Em nota enviada ao GLOBO, o centro cultural afirma que a obra de Elvira, que representa uma mulher negra no lugar de Jesus Cristo, não constava do catálogo apresentado durante a análise inicial e aprovação do projeto da exposição.

“Considerando o alinhamento da obra aos valores dos Correios, em especial, Respeito às Pessoas e Diversidade, a curadoria da unidade cultural, em reavaliação do assunto, irá providenciar sua exibição na exposição para apreciação do público em geral”, diz um trecho do posicionamento.

Nas redes sociais, Elvira desabafou sobre o ocorrido e contou que depois da polêmica sentiu medo de não conseguir exibir a arte em mais nenhuma instituição. A artista alega que o sentimento, a princípio, era de tristeza e culpa:

A tela, inspirada no famoso quadro de Leonardo Da Vinci, traz o momento da Última Ceia com discípulos pretos, entre eles, algumas mulheres, e o próprio Jesus numa figura feminina. Para destacar que a obra de Elvira deveria estar exposta, o curador Rodrigo Franco deixou o local onde a arte estaria exibida apenas com uma moldura vazia.

Leia relato completo da artista:

“Há mais o menos um mês eu tive a notícia de que meu quadro E as vezes quase parece que não estou usando aquela coroa de espinhos, (mais uma das milhares de representações existentes do quadro a última ceia, de Leonardo da Vinci) foi excluído, ou proibido de participar, da exposição na qual ele faria parte, com a justificativa de “preservar a imagem da instituição. Mesmo com muitas tentativas de negociação da parte do curador, a decisão foi estabelecida em Brasília e não teve acordo.

Eu sei que isso tem muitas camadas e também tem nome.
Mas, o que venho aqui falar é um desabafo sobre o fato de que quando recebi a notícia, o primeiro sentimento que me permeou foi tristeza e também uma culpa específica.

Depois senti medo de nunca mais poder apresentar ela em outras instituições. E aí fui acometida por uma enorme apatia a respeito do assunto e pronto.
Conversando com os meus, entendi que existe um debate não só pelo fato da exclusão da obra, como também a respeito dos sentimentos que tive nesse processo.

E aí, hoje, acordo com a notícia da performance da última ceia nas olimpíadas, com um sentimento ambíguo de achar o máximo que mais uma representação dessa obra estivesse sendo exibida pro mundo de uma forma não padronizada, acompanhando esse choque das pessoas e pensando, qual o problema que tem na minha versão para estar sendo proibida de participar de uma exposição?
Essa obra é uma das mais reproduzidas na história da arte, em diversos formatos, e na pintura quase sempre é apresentada com os homens mais brancos e loiros que já vi, isso sim eu acho ofensivo com a humanidade e até com a representação da “realidade” da época.

Eu fiz uma intervenção em mais uma dessas reproduções. Por que isso foi considerado ofensivo pra uma instituição laica no Brasil, país laico?
E aí vem o fato principal; eu fiz, porque isso veio no meu coração. Tem uma reparação espiritual específica que eu sinto sempre que pinto essas figuras, esse foi o tipo de pintura que mais vi, no sertão onde me criei. Tá cravado na minha alma cató-laica arcoverdense e eu simplesmente preciso pintar isso do meu jeito.”

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