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Dubladores brasileiros se unem em campanha por regulamentação da inteligência artificial

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Por Redação – 20/02/2024

 

Dubladores brasileiros começaram um movimento pela regulação do uso da inteligência artificial em jogos, filmes, séries e outras produções audiovisuais. A preocupação dos profissionais é que os sistemas da IA possam substituir os artistas, fazendo imitações de vozes e partir de padrões identificados e registrados na Internet. Uma petição liderada pela United Voice Artists, grupo global de associações de dublagem, já reuniu mais de 50 mil assinaturas para impedir a substituição de dubladores humanos por robôs.

Os limites para a IA em produções audiovisuais são alvo de debate no mundo inteiro. O tema foi uma das principais causas para a greve de atores em Hollywood no ano passado. A paralisação durou quase quatro meses – a segunda mais longa da categoria.

No Brasil, o movimento “Dublagem Viva” pede que sejam determinadas regras para “equilibrar os avanços tecnológicos com a preservação de empregos e garantir a qualidade da dublagem”. A campanha destaca que é função dos artistas dar autenticidade à versão dublada das produções e adaptar os personagens à cultura e ao contexto de cada país.

Para o advogado Marcelo Mattoso, sócio do escritório Barcellos Tucunduva Advogados (BTLAW) e especialista no mercado de Games, Entretenimento e Tecnologia, um projeto de lei poderia ser pensado para regularizar a discussão. “A ideia central desse movimento não é proibir o uso da IA, mas sim garantir a qualidade das dublagens, que se mantém com a permanência dos profissionais desse setor”, diz. É natural que o avanço tecnológico traga esse tipo de discussão. Vejo como saudável e de extrema importância. A tecnologia, em qualquer esfera, deve ser usada em benefício da sociedade e do coletivo, em um modelo de coexistência. A tecnologia não deve ser vista como um substituto do ser humano, mas como um complemento”, afirma.

O especialista aponta alguns pontos a serem contemplados em um eventual PL: a proibição da utilização da IA para replicar vozes dos atores; que a IA seja utilizada em conformidade com a lei de direitos autorais; que a IA não seja utilizada com fins de disseminação de conteúdos estereotipados ou que contenha qualquer tipo de descriminação ou preconceito; e que a regulamentação seja feita após ouvir os profissionais do setor, especialistas e sociedade civil. “O debate ainda está muito incipiente e no campo das ideias. Movimentos como o ‘Dublagem Viva’ são cruciais para trazer à tona e chamar a atenção para a discussão, fazendo com que isso evolua de forma gradativa até chegar no Congresso”, ressalta.

Mattoso ainda avalia: “Vivemos em um sistema que tem como base a otimização da produção, escalabilidade, redução de custo/despesa e aumento de margem de lucro. Talvez a maior dificuldade seja convencer a indústria de que esses pilares estejam em dissonância com a essência de alguns modelos de negócio, como a dublagem, por exemplo. Dublagem é um trabalho artístico, humano, sentimental e vivo”.

Por fim, o advogado sugere que os próprios dubladores se comprometam a ampliar o movimento, buscando apoio popular e de outras indústrias. “É importante deixar claro que o intuito não é a repulsa à tecnologia, e sim a coexistência de forma saudável para todos”, conclui.

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