Arte em Exposição

Ipanema recebe a exposição “O Ouro e o Mouro” de Marco Maggi.

Foto: Paulo Jabur
Meu único objetivo é escrever texturas ou criar desenhos de alta “in-definição” que promovam pausas e tornem o tempo visível. – Marco Maggi

A Galeria Nara Roesler tem o prazer de apresentar a exposição “O Ouro e o Mouro”, de Marco Maggi, com desenhos produzidos em 2016 e 2017, além do vídeo Global Myopia, exibido na 56ª Bienal de Veneza em 2015. “O Ouro e o Mouro” traz obras repletas da poética de Maggi, propondo um reajustamento da percepção temporal e refletindo sobre o fluxo intenso de estímulos visuais na sociedade contemporânea. Em espanhol, “El oro y el moro” é a maior promessa possível, que o artista descreve como o ato de prometer “tudo e o céu também”. Maggi explica: “Promessas são um duplo vácuo, porque nunca serão uma presença presente… são sempre uma ausência futura. Nos cafés, tudo o que compartilhamos são conexões de Wi-Fi cada vez mais velozes. Somos fascinados pela velocidade e por conversas de longa distância. A arte visual é o oposto; um desenho é sempre o aqui e o agora, uma presença presente”.

 

Maggi propõe novos protocolos para o olhar, por meio de um ato subversivo tripartite de lentidão, delicadeza e otimismo. Em duas telas grandes, pessoas olham com extrema atenção para uma parede branca (Global Myopia, 2015). O artista nos convida a “imaginar um vírus contagioso com dois sintomas de miopia: olhar mais de perto e olhar mais devagar”. Global Myopia tece uma crítica sutil à ironia da vida contemporânea. O público observa fixamente paredes aparentemente planas. O ato da observação atenta unifica o corpo da obra de Maggi, propondo uma sutil dimensão alternativa que é ao mesmo tempo pequena e vasta. Adriano Pedrosa observa: “não é por acaso que as obras de Maggi são tão difíceis de reproduzir e registrar em fotos; é preciso vê-las ao vivo, olhar sua superfície, sua linha, o vazado, a sombra, o relevo, a transparência”.

 

Embora o excesso de estímulos visuais e a escassez de tempo impossibilitem um olhar mais atento, os trabalhos precisos e delicados de Maggi exigem uma observação meticulosa. Nos desenhos expostos, assim como grande parte de sua obra, o artista utiliza diversas mídias para criar padrões geométricos e arquitetônicos intrincados. Utilizando caligrafia, ferramentas, superfícies e escalas para manipular o tamanho das letras, o tamanho das paredes e o tamanho de pavilhões/museus, Maggi constantemente convoca o espectador ao escrutínio e concentra seu olhar. Gold is the new white, de 2017, é um importante desenho em dourado contendo 960 “paradas”; em White Mending, Planar, Density Packing e Discrete Geometry (todos de 2017), um alfabeto autoadesivo viaja por diversas superfícies e caligrafias; e Spelling “D-i-s-s-e-m-i-n-a-t-i-o-n, de 2017, é um simples desenho a lápis sobre papel. O artista escreve que “desenhar é uma atividade superficial: diálogo entre mão e superfície. É uma disciplina que permite que nos distanciemos da profundidade do pensamento para multiplicar nossa empatia pela insignificância. Desenhar é como escrever numa língua que não sei ler”.

 

Em 2015, o filósofo francês François Cusset afirmou, sobre o método do artista: “[t]raços lidam com o significado; eles qualificam o que merece ser inscrito: por outro lado, o insignificante não deixa rastros, o banal não tem memória, tudo desaparece com o instante de sua relevância. Marco Maggi vira essa ordem estabelecida de cabeça para baixo; esculpindo e cortando, ele transforma o insignificante em traço, o vácuo em arquivo, a sombra em alfabeto, o detalhe em cosmos e as mais ínfimas variações naquela famosa revolução que havíamos desistido de esperar”.

 

abertura:
25 de maio de 2017
19:00
exposição: 25 de maio – 18 de junho, 2017
seg – sáb: 10:00–18:00
endereço:
rua redentor 241
ipanema 22421-030
rio de janeiro rj, brasil
t 55 (21) 3591 0052
Contatos de Imprensa
pool de comunicação
t 55 (11) 3032 1599
martim pelisson
galeria nara roesler
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