Arte Visual

Libertação através da vibrante explosão em cores da arte de Renato Borges!

Obra do artista visual Renato Borges.

Por Jaqueline Stori  – 10/10/2019

Ao entrarmos nas redes sociais do artista visual Renato Borges, já nos deparamos de inicio com frases ou palavras voltadas para nosso estado interior e emocional. Temas como luz, trevas, transformação e principalmente libertação, são expostos e trabalhados em sua arte, não como ferramentas de auto-ajuda, mas sim, como um chamado para o aprofundamento das mais diversas formas de olhar, sentir e agir do ser humano. Um chamado para a essência da alma humana onde através desta tudo pode ser transformado e libertado, e também um “alerta” para esta mesma essência abrir os olhos da alma e enxergar de fato, o que estamos fazendo com nosso planeta e com nós mesmos. Sobre o que habita dentro de nós e que o caminho tanto para a luz como para a treva, está dentro de nós mesmos.

Renato Borges com seu cachorro.

Uma arte que nos chama para a descoberta do que somos e do que podemos, enquanto potências pertencentes de todo Universo, que é uno. Ou seja, a consciência de que por mais que façamos as separações,   existe a unidade, que somos nós. Tudo e todos estão relacionados e ligados através de um único e mesmo poder de criação, independente das diversas formas de se ver, sentir, crer e agir. Um artista contemporâneo, com obras atemporais, que nos convida à revolução e a viagem ao interior de nossa célula mater, fonte de todas nossas respostas e questionamentos. Arte imbuída de elementos naturais, de performances, de intervenções fotográficas e também corporais, Renato Borges, este maravilhoso artista autodidata, nascido em Ribeirão Preto (S-P) que já expôs sua arte por várias cidades do Estado de São Paulo, nos envolve em emoções, pensamentos e sentimentos, dentro de uma explosão de vibrantes cores, carregadas de transformações e transições das trevas para a luz, que dialogam com o primitivo e com o contemporâneo, em telas que envolvem a representação do passado, o encontro com o presente e a liberdade para receber o futuro. Tudo isso, produzido com muita criatividade, talento e sensibilidade de uma alma artística que flui pela energia da libertação!

Obra do artista visual Renato Borges.

Viva Cultura!: Renato, a partir de qual idade iniciou nas artes, e por que?

Renato Borges: Desde pequeno sempre desenhei e pintei. Em diversos momentos da minha vida surgia a necessidade de me expressar através da arte. A arte sempre esteve presente em minha vida, porém nunca foi um caminho que eu olhei como um futuro promissor, talvez pelo fato dos conceitos e valores impostos pela sociedade e família, de que é necessário a escolha de uma profissão onde haja perspectiva de crescimento financeiro. Sou graduado em Publicidade e Propaganda e a partir de 2015, comecei a me dedicar de forma mais intensa ao meu desenvolvimento artístico.

Hoje, já não sei mais viver sem me expressar através da arte. Mais que uma necessidade, acredito e sinto que seja parte da minha missão aqui na terra.

Viva Cultura!: Mais para o início vemos muitos desenhos com carvão e pinturas com acrílica. A partir de um certo ponto percebe-se a unificação destes dois elementos em suas obras, resultando numa estética ainda mais bela e volumosa: Como chegou neste resultado e por que trabalhar com estas matérias primas, como o carvão por exemplo?

Renato Borges: Inicio o meu processo artístico estudando a fundo o material ao qual desde pequeno me desperta fascínio, o carvão, material representa arte primitiva, inspiração para mim o período mais importante e fascinante da arte devido a necessidade natural de expressão humana, onde o instinto fala mais auto, sem as influências e interesses que foram e são introduzidos na arte até hoje.

Busco essa conexão com o meu eu interior, e aos poucos vou entrando em contato com sentimentos profundos e uma necessidade inerente de evolução, transformação e libertação.

Hoje o carvão representa o passado, uma vida e uma história transformada através do fogo, a tinta entra em minha obra representando o momento presente, uma explosão de cor, sentimentos e emoções. Proporciono na obra o encontro entre o carvão e a tinta,o passado e presente, do interior ao exterior, do primitivo ao contemporâneo, transformando e se libertando para o novo.

Obra do artista visual Renato Borges.

Viva Cultura!: Você também faz intervenções em fotografias, objetos e plantas. De que forma estas intervenções e experimentos agregam e acrescentam em suas outras obras?

Renato Borges: Represento almas e suas relações com o mundo, em minha série de fotografias, o carvão atravessa a imagem assim como o tempo atravessa a vida. Através das cores liberto as energias e emoções do momento fotografado. Os objetos fazem parte de nossa imagem, são parte de nosso corpo físico, somos capazes de sentir a energia de uma alma na presença de seus objetos. A natureza está presente com questionamentos e reflexões de como estamos nos transformando e transformando o mundo em que vivemos.

Consciente de que tudo se transforma e tudo se torna passado, como artista, sinto de forma especial esses momentos, um fluxo natural da vida que tento representar através da arte. Um processo transitório que se torna cada vez mais forte de acordo com meu desenvolvimento pessoal, intelectual, físico e espiritual.

Viva Cultura!: Suas obras demandam uma narrativa de conexão com o eu interior, com o divino. Fala muito de transformação, desconstrução, renovação, libertação. Por quê usa este conceito em sua arte, e de que maneira você acha que ele alcança as pessoas em suas diversas interpretações?

Renato Borges: O conceito de transformação e libertação surge de forma muito forte em minha vida, consequentemente em minha obra. Sinto essa necessidade de evolução, de onde eu acredito que surge a conexão de minha obra com os espectadores, pois no fundo é o que todos nós buscamos, não falo de religião, falo de espiritualidade, de fé, de esperança, uma necessidade que surge de nossa alma.

Obra do artista visual Renato Borges.

Viva Cultura!: Vimos um trabalho onde seu corpo banhado em tinta entre carvões, virou uma de suas telas. O que pretendeu mostrar e passar, através desta obra?

Renato Borges: A performance “Liberte-se”é a representação de meu renascimento na terra, é quando eu surjo nesse mundo ganhando a vida, representado pela tinta que aos poucos vai tomando conta do meu corpo físico, deixando para trás uma história e fechando um portal que faz parte do passado e me libertando para caminhar na terra. A vida, o momento presente é a oportunidade que temos de nos transformar, de sentir, de amar, de ser alguém melhor, de nos libertar.

Viva Cultura!: Sob o aspecto técnico, quais técnicas que você utiliza na produção de suas obras?

Renato Borges: Não penso muito sobre técnicas, acredito que o artista deva se concentrar em seus sentimentos e depois viabilizar uma forma de concretizar o que vem do seu interior, quando estudo arte, me inspiro no processo de criação e não na técnica, é assim que surge a identidade do artista, sua força vem do mundo interior e não do exterior.

Algumas obras surgem de forma muito visceral, vou pegando os objetos, carvão, tinta e jogando tudo no suporte onde a obra está sendo construída. Claro que em determinadas obras é necessário o estudo de técnicas, mas esse processo surge da necessidade de criar algo físico, uma representação do que está na mente, nesse sentido a busca por técnicas para viabilizar a obra faz parte do fazer e descobrimento artístico.

Obra do artista visual Renato Borges.

Viva Cultura!: Em relação ao carvão, há alguma técnica de conservação (principalmente das obras com suporte de madeira) ou ele vai cru, para sofrer as ações do tempo? Sendo a segunda opção, ele irá se desconstruindo da forma dada inicialmente, e assumindo outra forma com a passagem do tempo: Este processo é para transmitir o conceito de renovação, transformação, libertação, e de que tudo muda com o passar do tempo?

Renato Borges: Estudo e trabalho com o carvão há muito tempo e consequentemente já fiz muitas experiências referente a sua conservação, aplicação e durabilidade, o que me levou a desenvolver técnicas que são aplicadas de acordo com a necessidade e objetivo de cada obra. A efemeridade da matéria me interessa e faz parte do meu processo criativo.

Viva Cultura!: Você anunciou em sua rede social, uma nova fase de seu trabalho, usando o conceito de conexão com o eu interior e o divino, das trevas à luz, em uma performance: Você pode falar mais desta nova fase, sobre a necessidade do uso da expressão do corpo e das performances para chegar ao resultado pretendido tanto para a obra como para o público, e também de como irá inserir ou trabalhar suas telas nesta nova fase?

Renato Borges: A busca por luz é intrínseca na humanidade, com base na arte, psicologia, filosofia e espiritualidade, construo pilares fundamentais para meu desenvolvimento. Na performance “Do Carvão a Luz” busco mais uma vez me desapegar do passado, digo mais uma vez por que não é fácil se libertar, muitas vezes isso se torna um processo longo e doloroso. Mas hoje independente do passado ou futuro, tenho fortalecido a consciência de minha essência, da nossa essência. Somos seres de luz! Somos divinos! Seres imperfeitos e que muitas vezes nos esquecemos da luz que vive em nós. Somos todos uma única energia em busca de transformação e libertação! Minhas performances surgem como uma necessidade, que aos poucos vai tomando força chegando a uma angústia caso a obra demore para sair do meu ser e transmitir sua mensagem. É a técnica onde eu mais me aproximo do público, e também a expressão mais forte em meu ser: é onde minha verdade vem a tona, meu corpo e minha alma estão expostos e fazem parte da obra e isso me aproxima dos espectadores.

Nessa nova fase, a luz como elemento físico entra em minhas obras como representação de nossa essência e também como um novo portal que nos levará a mais um ciclo de nossa jornada. Para mim um caminho de novas experiências, desenvolvimento e evolução. Continuo sentindo em meu ser pulsante as palavras: Transforme-se! Liberte-se!

Obra do artista visual Renato Borges.

Viva Cultura!: Renato, muito obrigada pela oportunidade em podermos divulgar e apresentar sua arte, tão rica e necessária para a alma humana e para esta atmosfera energética que estamos criando.

Renato Borges: Obrigada a Viva Cultura por divulgar e propagar nossa arte e cultura. Adorei responder as perguntas!

NOTA: Imagens gentilmente cedidas pelo artista.

*O artista prefere não expor sua imagem pessoal. Por tal motivo e respeito, não realizamos tais publicações.

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