Arte em Exposição

Ciência e Arte reunidos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Dia 29 de setembro uma centena de profissionais da pesquisa, do patrimônio, do direito e da perícia de Arte foram reunidos durante 8 horas pela Givoa no segundo congresso internacional de peritagem de obras de arte chamado ICAE Brasil 2018. O International Conference Artwork Expertise teve sua primeira edição em 2016 na cidade de Buenos Aires, Argentina e tem como objetivo a democratização de acesso à informação sobre PerÍcia de Obras de Arte.

O evento foi organizado pela GIVOA, Grupo Interdisciplinar de Avaliação de Obras de Arte, sediado em Buenos Aires e com atuação no Brasil e recebeu o apoio institucional da UNESCO, do Ministério da Cultura da Republica Argentina, do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial – INTI, do IBRAM e também de outras instituições como a Associação Internacional para a Proteção do Patrimônio Cultural – ASINPPAC, o Rio Convention and Visitors Bureau o departamento de Turismo da cidade do RIO – RIOTUR e especialmente da Secretaria de Cultura do Estado do Rio que em conjunto com o Theatro Municipal abraçaram este projeto.

Segundo seus organizadores, a identificação das obras de arte é o primeiro passo para sua proteção, o espólio de arte falsificado e roubado constitui o terceiro mercado ilícito maior do mundo e é utilizado como ferramenta para o financiamento do terrorismo internacional apoiado numa das fraquezas do mercado de arte: Sua falta de transparência.

O evento foi se desenvolvendo sobre 4 eixos principais, começou com uma mesa de trabalho chamada Proteção do Patrimônio Cultural onde a representante de INTERPOL Argentina Pilar Arrossagaray explicou o importante trabalho que é realizado pela instituição que pertence à polícia federal Argentina e como as parcerias com diferentes ministérios tem contribuído na implantação de políticas educativas que envolvem ao ensino meio e fundamental, com o objetivo de gerar consciência para fortalecer a prevenção dos crimes contra o patrimônio, na sequência o coordenador da Receita Federal o senhor Alexandre Cassar Magdalena compartilhou com o auditório os desafios que a abrangente Instituição tem com o assunto “patrimônio cultural”, um pais tão extenso e com tantos temas para trabalhar tem muito para desenvolver em matéria de integração entre os órgãos que devem zelar pelo patrimônio, a mesa foi moderada pela representante do IBRAM no Rio de Janeiro e vice-presidente do ICOM Brasil a senhora Vera Mangas, reconhecendo a iniciativa e parabenizando o auditório pela presença e interesse sobre um tema tão sensível como o patrimônio, mencionou também o enorme crescimento que teve as profissões do setor nos últimos anos, a multiplicação das carreiras de museologia, conservação e até a criação de carreiras de pós-graduação sobre perícia. Inéditas no Brasil.

A segunda mesa do evento foi a apresentada como Perícia Judicial de Obras de Arte onde a Perito Grafotécnica Alejandra Leyba da Givoa Argentina especialista em obras de arte, explicou com detalhes o aporte que esta disciplina faz ao perito de obras de arte, a perícia é um trabalho interdisciplinar e qualitativo onde as provas vão depender do acesso à informação da denominada “original ou material base de comparação”. Mencionou também as dificuldades de trabalhar no judiciário quando os tempos determinados pelo Juiz são muito curtos, muitas vezes não pode ser efetuada a pesquisa por falta de recursos. Em seguida a Vice-presidente da Ordem dos Peritos do Brasil a senhora Beatriz Teixeira Monteiro detalhou com muita claridade a função das ordens e organizações que nucleiam os profissionais e a necessidade de treinamento continuo dos membros, ficou muito claro para o heterogêneo auditório as diferenças do trabalho como perito criminal, perito judicial e extrajudicial. Moderou a mesa o Perito Nilton Campos Filho do Instituto de Pericias Judiciais quem fez uma oportuna colocação sobre a banalização do Perito Judicial, é preciso melhorar a oferta de educação da matéria já que existem inúmeros lugares de treinamento para ser auxiliar da justiça, mas ministrado por pessoas que não trabalharam nunca como peritos, isso traz muitas complicações no processo. A palavra perito significa experiência e conhecimento, é por isso que um congresso de perícia é tão importante para a profissão.

Já na segunda parte do congresso foi o turno do Direito Autoral onde o advogado especialista na matéria Gustavo Martins de Almeida explicou com eloquência os problemas que a aplicação do direito autoral resolve quando estão envolvidas obras de arte, o advogado do MAM e Parque Lage reconheceu a necessidade de profissionalização do perito de arte e sua importância como protetor do patrimônio. Na mesma mesa o CEO de ArtYou Global o doutor Douglas Negrisolli apresentou ao público o software inovador de gestão de coleções que permite armazenar milhões de dados com segurança e por meio de um único dispositivo, ajudando no trabalho museológico e de gestão de certificados de obras de arte realizados pelos peritos. Ele prometeu avançar sobre a incorporação de Blockchain a seu sistema voltando ele ainda mais seguro e de vanguarda. O arquiteto Jeff Keese foi o interventor da mesa quem colocou exemplos de atualidade e consultou aos palestrantes sobre as vantagens da digitalização de acervos e seus desafios.

Os fatos recentes acontecidos no Museu Nacional na Cidade do Rio afetaram, profundamente, a todos os protetores do patrimônio do mundo e sensibilizaram à comunidade toda.Tragédia, infelizmente, anunciada que deixou toda a humanidade sem 20 milhões de peças de valor simbólico inestimável e de valor econômico não imaginado. A organização do evento convidou a uma especialista em proteção e segurança de acervos para expor a necessidade do comprometimento da sociedade toda para evitar que esta tragédia possa ocorrer novamente.

Os acervos culturais roubados ou destruídos não tem reposição possível, mas as avaliações econômicas dos bens quando pertencem aos acervos é extremadamente necessário para conseguir atenção dos setores que vem a cultura como um gasto, saber quanto valor econômico tem as instituições culturais ajudam na procura de financiamento externo para sua proteção e tutela. Não é possível que o estado seja o único que não sabe quanto valem suas coleções (desde todo ponto de vista, econômico, simbólico, cultural nem de memória). O espólio e o roubo pode ser evitado com medidas de segurança. Com seguros especializados em caso de sinistro permitirá recuperar pelo menos parte do valor econômico que poderá ser para adquirir outro bem o reforçar sua política de segurança interna. Hoje quando perdemos um bem, não recuperamos nada. Sem dúvida é um dos desafios de nossa região já que muito país tem adotado medidas de avaliação e proteção de acervos muito efetivas. Solange Rocha com muita claridade sensibilizou a plateia e apresentou fotografias de eventos similares aos acontecidos recentemente e questionou sobre o comprometimento da sociedade civil no assunto. De nada vale abraçar um Museu quando já foi queimado.

No final da tarde e como última mesa o eixo tecnologia aplicada à pesquisa deslumbrou ao público, a professora Marcia Rizzutto da Universidade de São Paulo apresentou as mais novas tecnologias de identificação de materiais cuja aplicação ajuda a peritos e restauradores a trabalhar sobre obras de todas as datas e desvelar os mistérios ocultos baixo a superfície. A última palestra foi a exposição de ArtCare Conservation, consultora internacional de conservação e restauro dos Estados Unidos, sua fundadora Rustin Levenson apresentou aos congressistas trabalhos realizados sobre o acervo do Museu Dalí, também sobre obras do polêmico Jackson Pollock e sobre descobrimentos sensíveis sobre obras patrimoniais americanas que mediante a tecnologia puderam ser reconhecidas e incorporadas à história da arte desse pais, o moderador da última mesa foi o Restaurador Marcelo Lima, importante funcionário do ICICT (Instituto cientifico de la FioCruz) quem responde pela proteção do acervo da fundação. Ele ressaltou a importância das parcerias entre as instituições e os profissionais particulares na proteção do patrimônio, muito além das políticas públicas o trabalho abnegado dos funcionários e pesquisadores permitem a preservação dos acervos para futuras gerações.

Para encerrar o evento o diretor da Givoa e organizador do congresso o Perito de Arte Gustavo Perino mencionou com eloquência que na região e no Brasil temos as leis, temos a tecnologia e temos os profissionais para poder realizar um trabalho coordenado e de qualidade na identificação e proteção do patrimônio, que vai depender de todos os presentes mudar o atual paradigma.

NOTA: Todo material de divulgação, cedido pela direção e assessoria de imprensa do Evento.

 

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