Arte em Exposição

Região Portuária do Rio de Janeiro recebe o projeto Mixagens Urbanas

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Por Redação – 19/10/2023

 

Rio de Janeiro se transformou em uma galeria a céu aberto com o projeto Mixagens Urbanas, uma exposição de lambe-lambes que está ocupando as ruas da região portuária entre Gamboa e Saúde. A mostra, contemplada pelo edital FOCA 2022 da Secretaria Municipal de Cultura, apresenta obras de cinco artistas indígenas, negros e não-binários que, por meio de vivências decoloniais, redefinem espaços históricos e imagens do universo da História da Arte.

“Nosso desejo é ressignificar imagens tidas como canônicas ou como únicas narrativas de uma história contada apenas pelos opressores – afirma Julia Baker, curadora e idealizadora do projeto.

Na série “Devolta”, Diambe desafia a simbologia da monarquia Brasileira ao criar coreografias com o fogo em torno de estátuas icônicas, como as de D. Pedro, D. João VI e a Princesa Isabel. Uma ação que busca decolonizar o espaço, questionando quais heróis estamos homenageando em bronze.

André Vargas utiliza as palavras para questionar as localidades fotografadas. Em “Hoje só Lavaremos a Alma”, ele ocupa o espaço da antiga lavanderia dos escravos no Parque Lage, destacando a questão do trabalho escravo. Em “Calunga Grande”, ele apresenta uma faixa em frente à Praça Mauá, ressignificando o local de desembarque de pessoas escravizadas.

Em “Todo o Mar em Mim”, Martins Fortunato utiliza imagens de arquivo de uma mulher negra, ressignificando-a e associando-a a Iemanjá, a mãe do mar e das cabeças (orí).

Gê Viana trabalha com colagens digitais, intervindo em gravuras de Rugendas (1802-1858) e Debret (1768-1848). Suas séries “Negros Livres” e “Atualizações Traumáticas de Debret” questionam as representações totalizantes da realidade, apresentadas por esses cronistas do Brasil colonial/império.

Denilson Baniwa participa com as obras inéditas “Conselho Tamoio 01 e 02”, que reafirmam a sua arte política. Nelas, podemos ver indígenas reivindicando o território com uma placa: “Rio de Janeiro – Terra Indígena”.

“Fugir do cubo branco e permitir o encontro entre passantes e os trabalhos artísticos fez com que desejássemos uma exposição no ambiente das ruas, utilizando uma linguagem comum a ela: o lambe-lambe”, finaliza Baker.

O ponto de partida para o percurso que dá acesso às obras será o MUHCAB (Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira), situado na rua Pedro Ernesto, 80 – Gamboa. Lá, os visitantes encontrarão um QR code que os levará ao site com o itinerário completo, além de informações detalhadas sobre as obras e os artistas envolvidos. Além disso, será disponibilizado um flyer contendo todas as informações relevantes.

SERVIÇO:

De 14/10/2023 à 13/11/2023

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