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Mostra em Nova York apresenta obras de Cláudia Andujar e de artistas yanomami

Casa coletiva próxima à missão católica no rio Catrimani, Roraima (1976). Arte © Claudia Andujar. Coleção da artista.

Por Redação – 10/02/2023

 

A Fondation Cartier pour l’art contemporain e The Shed inauguraram exposição The Yanomami Struggle, uma mostra abrangente dedicada à colaboração e amizade entre a artista e ativista Claudia Andujar e o povo Yanomami. Em exibição até 16 de abril de 2023 no The Shed em Nova York, a exposição tem curadoria de Thyago Nogueira, Diretor de Fotografia Contemporânea do Instituto Moreira Salles de São Paulo, e é organizada pelo IMS, Fundação Cartier e The Shed em parceria com as ONGs brasileiras Hutukara Associação Yanomami e Instituto Socioambiental.

Convidados da comunidade Xaxanapi entram na casa coletiva de seus anfitriões Korihana thëri para a inauguração da cerimônia reahu, Catrimani (1974). Arte de Claudia Andujar. Coleção da artista.

“Acho que o mais importante é a chance de apresentar às pessoas outro aspecto do nosso mundo. Ao mesmo tempo, esse outro aspecto do nosso mundo permite que nos reconheçamos em outros seres humanos que merecem viver suas vidas como desejam e de acordo com sua própria compreensão do mundo”, diz Cláudia Andujar.

Há mais de cinco décadas, a Andujar colabora com o povo Yanomami na defesa de seus direitos. A Luta Yanomami conta a história da relação de Andujar com o povo Yanomami durante a ditadura militar brasileira (1964-1985), desde seu primeiro encontro em 1971 até a transformação de sua prática artística em ativismo direto sete anos depois, quando Andujar e outros ativistas criaram a Comissão de Demarcação do Parque Yanomami (CCPY). Por meio da voz e orientação do xamã e líder Davi Kopenawa, a exposição também narra as origens mitológicas dos Yanomami e mapeia sua cosmovisão, política e organização social.

A amizade de Kopenawa com Andujar desde a década de 1980 é fundamental para seu relacionamento contínuo com os Yanomami. Ao lado de muitos outros ativistas e organizações, eles trabalharam com comunidades e lideranças Yanomami contra a invasão da terra Yanomami, uma luta que levou à homologação do território Yanomami pelo governo brasileiro em 1992. A proteção da terra foi seguida por importantes programas educacionais e a criação de diferentes associações Yanomami. Apesar desse progresso, o ativismo retratado na exposição não é relegado ao passado. A invasão de seu território por garimpeiros ilegais continua, ameaçando tanto a floresta amazônica quanto a sociedade Yanomami.

Obra do artista Andre Taniki

Desde os anos 2000, uma nova geração de artistas Yanomami passou a produzir e expor seus trabalhos fora do território, estabelecendo um novo olhar que agora se incorpora à exposição. Esta história multifacetada também inclui as contribuições de vários outros indivíduos e organizações, incluindo Hutukara Associação Yanomami, Instituto Socioambiental, antropólogo Bruce Albert (consultor da Fondation Cartier e coautor de The Falling Sky) e o missionário italiano Carlo Zacquini.

“Quem não conhece os Yanomami vai conhecê-los através dessas imagens. Meu povo está neles. Você nunca os visitou, mas eles estão presentes aqui. É importante para mim e para vocês, seus filhos e filhas, jovens, crianças aprender a ver e respeitar meu povo Yanomami do Brasil que vive nesta terra há muitos anos”, diz Davi Kopenawa, pajé e líder Yanomami.

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