Por Redação – 15/06/2023
Isa do Rosário foi selecionada pela curadora Khaniyisile Mbongwa para integrar o time de artistas da 12ª edição da Liverpool Biennial of Contemporary Art, na Inglaterra: uMoya – The Sacred Return of Lost Things. A Bienal é o maior festival de arte visual contemporânea do Reino Unido, e acontece entre junho e setembro, contando com 36 artistas de diversas partes do mundo.
Por lá, a artista expõe uma série de bordados que representam alguns dos principais Orixás, trabalhos em grande escala que contam com diversos materiais selecionados por ela em seu processo. “É sobre as crianças, ela borda rezando e pensando nas crianças. Ao pensar sua ancestralidade e toda violência que seus antepassados viveram, ela coloca todo seu amor e suas rezas para a proteção do nosso futuro. Pensa numa pessoa realizada e feliz com o que está vivendo neste momento!” conta o galerista Rodrigo Mitre, da Mitre Galeria.
Para a criação de suas obras têxteis, Isa do Rosário é guiada por uma conversa espiritual com os Orixás. De acordo com o Candomblé, religião de matriz africana que se desenvolveu no Brasil durante o século XIX, os Orixás são considerados ancestrais que foram divinizados e que representam as forças da natureza.
A peça acima, intitulada ‘Dança com a Morte no Mar Atlântico’ (2013-2023), representa a vida e a morte no fundo do mar. Em uma metade, vemos pequenas bonecas negras chamadas Abayomi. Significando ‘encontro precioso’ na língua iorubá, aqui a artista usa para representar pessoas negras e corpos, um memorial para todos aqueles que perderam suas vidas durante o Tráfico Transatlântico de Escravos. A obra cria um espaço de meditação que, através dos Orixás, espera oferecer uma passagem segura para as almas que permanecem nas profundezas do oceano.