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Cúpulas do Museu Nacional de Belas Artes (RJ) passam por restauro

Restauração faz parte do escopo de obras de recuperação predial do MNBA (Foto: Ana Carla Pereira/Iphan)

Por Redação – 03/04/2024

 

Projeto foi revisado pela equipe técnica do Iphan, que propôs manter a estrutura original das cúpulas, construídas em 1908

As cúpulas do Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), que se destacam em meio aos edifícios da Avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro (RJ), por sua beleza e imponência arquitetônica, estão passando por um processo de consolidação e restauração. O projeto faz parte do escopo de obras de recuperação predial do MNBA contratadas pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), que contemplam fachadas, claraboias, terraços e as três cúpulas. Essas medidas são necessárias para garantir a estanqueidade do edifício e minimizar a ação de agentes externos de degradação, especialmente a água. Além disso, a restauração visa modernizar as instalações e requalificar os ambientes do edifício, permitindo visitação futura.  

A proposta inicial de obra nas cúpulas previa a demolição de todo o invólucro de argamassa para a recuperação da estrutura metálica e execução de um novo revestimento em concreto armado. Entretanto, por tratar-se de uma estrutura secular, a equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) propôs uma alteração no projeto.  

“Havia um grande desprendimento de argamassa, e a degradação de materiais era muito severa. Porém, o sistema geral das cúpulas era estável e apresentava forma bastante regular, e ponderamos se realmente seria necessária a remoção completa de uma argamassa armada centenária, feita em 1908. Neste sentido, o Iphan se colocou à disposição do Museu Nacional de Belas Artes para fazer estudos e evitar a demolição do revestimento original das cúpulas”, comenta a coordenadora técnica do Iphan-RJ Letícia Pimentel.  

O trabalho de revisão do projeto teve início em 2021, já com as obras de restauração do MNBA em andamento, e durou cerca de um ano, entre a pesquisa histórica, testes in loco, consulta a vários especialistas, elaboração de parecer e alteração das especificações técnicas.  

“Concluiu-se que o comportamento das cúpulas demonstrava estabilidade suficiente para a recuperação estrutural. Os elementos não apresentavam grandes deslocamentos, porém a degradação avançada dos materiais em alguns trechos, inerente à ausência de manutenção, pode ter levado à condenação das cúpulas”, aponta Danielli Cintra, engenheira civil do Iphan.  

Após os trâmites de aprovação da alteração pelo MNBA, pelas instâncias superiores no próprio Iphan, bem como pelo Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD), órgão financiador das obras, as intervenções nas cúpulas ganharam foco. 

Foto: Rodrigo Panza/Iphan

Cúpula central  

Embora tenha recebido reforço estrutural, entre 1940 e 1960, esta é a primeira vez que a cúpula central passa por um processo restaurativo. Segundo a equipe técnica do Iphan, isso se deve ao fato de ser uma estrutura de grandes proporções e acesso complexo, que demanda cuidados, conhecimento multidisciplinar e propostas arrojadas para sua recuperação. 

Uma destas propostas é o sistema de escoramento que permite o acesso às faces internas, feito com vigamento especial na estrutura de reforço existente na cúpula, denominado “viga-vagão”. Uma vez que não é possível apoiar o escoramento temporário sobre as lajes do edifício, essa foi a solução indicada para que os profissionais pudessem acessar a cúpula e realizar as intervenções de restauro. 

Monitoramento  

Não há remanescentes ou registros de cúpulas construídas de forma semelhante às do MNBA, de grandes dimensões e uma técnica construtiva escultórica de pouquíssima espessura. Somado a isso, sua estabilidade surpreende diante da falta total de manutenção, consequência da inexistência de acessos a todas as suas partes. Apesar dos procedimentos serem indicados para estancar o processo de degradação e aumentar a segurança da estrutura, o monitoramento dos elementos deverá ser constante.  

“A proposta é que seja iniciado um trabalho contínuo de avaliação, que terá a função de checar o desempenho das técnicas aplicadas de restauro, para fazer seu aprimoramento, revalidação ou alteração”, avalia Letícia Pimentel. Este monitoramento também irá auxiliar no planejamento dos trabalhos de conservação e manutenção, além de propostas para adequação definitiva de uso dos espaços internos das cúpulas. 

Foto: Rodrigo Panza/Iphan

Arquitetura   

Projetado em 1908 pelo arquiteto Adolfo Morales de los Rios, o edifício que hoje abriga o Museu Nacional de Belas Artes foi originalmente construído para sediar a Escola Nacional de Belas Artes durante as modernizações urbanísticas realizadas pelo prefeito Pereira Passos. As cúpulas do projeto original foram alteradas em técnica e em dimensões durante a sua construção, sob a direção de Henrique Bernardelli, o que gerou críticas públicas do projetista. 

O prédio foi tombado pelo Iphan em 1973 e encanta por sua arquitetura eclética. A fachada principal apresenta frontões, colunatas e relevos em terracota, além de medalhões pintados pelo artista Henrique Bernardelli. As fachadas laterais trazem mosaicos assinados pelo francês Félix Gaubin, que retratam personalidades renomadas do mundo das artes, como Leonardo Da Vinci e Giorgio Vasari. A decoração interna, por sua vez, traz materiais nobres como mosaicos, mármores, cerâmicos franceses e cristais. 

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