Brasilidade pelas telas do artista Paulo Amorim

Por Jaqueline Stori – 05/07/022

 

Qual artista não exalta seu país, sua cultura, sua terra e seu povo? Desde que o mundo é mundo não só artistas, mas também todas as pessoas, de alguma maneira exaltam sua terra nem que seja com a simples frase: Ah, como é linda!!! Como eu amo!! Não por acaso que hábitos, paisagens naturais e urbanas, fauna, flora, comportamentos, etnias, religiosidade e demais aspectos, mais do que influenciar, encontram-se entranhados em todos nós. Cada um vê e sente à sua maneira, porém, todos vêem e sentem.

Pessoas com maior sensibilidade geralmente são levadas pelos seus sentimentos, sensações, emoções e fantasias, a dedicarem sua natureza à contemplação das cores, das formas, dos sons, dos espaços, dos aromas, entre outros fatores, de uma forma diferenciada dos menos sensíveis ou mais desatentos. Não é conseguir ver e sentir melhor. Não, os artistas, apesar de suas técnicas, têm em sua essência a extensão de sua alma em seus olhares, sua mente, seu tato, seu olfato e seu coração, fazendo com que estes sejam uma única coisa que necessita ser expandida e externada. Sim, gritar para o mundo este turbilhão de idéias e fantasias que demarcam suas almas!

Muitos gritam através da arte abstrata, outros através da concreta, outros das duas formas e da junção das duas. O fato é que a vida com tudo que ela oferece, é a maior inspiração de todos! Inspiração que não tem limite por ser insolúvel e por ser regada diariamente por tudo que nos cerca, nos encanta e influencia.

E sobre o vasto e diversificado repertório que nos embala e direciona para vários lugares interna e externamente, os artistas possuem um papel fundamental no que diz respeito a nos revelar e conduzir para um mundo ainda mais rico e diferenciado capaz de proporcionar catarses através do despertar do oculto, das descobertas e também do “simples aparente” que abre dimensões de alegrias, geralmente por comungar em harmonia com a simplicidade dos detalhes que nos arrancam largos sorrisos ao contemplarmos! Dentro deste contexto, um artista, literalmente apaixonado por sua terra, por seu povo, sua cultura, seus costumes e muitos outros elementos que mais do que pintados, são enobrecidos por ele.

Estamos falando do artista visual Paulo Cezar Amorim, conhecido no mundo das artes como Paulo Amorim, nascido no Rio de Janeiro e residente no bairro Rio Comprido (subúrbio carioca) na cidade do Rio De Janeiro. Carioca nato, o artista contou que começou a pintar por hobby, em cartolinas, com canetas coloridas e influenciado por um amigo artista: ficava vendo este amigo pintar, achava interessante e comecei a pintar também. Naquela época era mais difícil comprar telas e tintas para pintar, não só pelos custos, mas também pela dificuldade em encontrar determinados materiais que eram vendidos em lugares específicos afastados do bairro onde eu morava e das proximidades, lembrou o artista.

Os anos foram passando os materiais foram ficando mais  acessíveis e Paulo Amorim foi aprimorando seus desenhos e pinturas, agora em telas. Autodidata, o artista revelou nunca ter realizado nenhum curso que o ajudasse em sua técnica: Minha arte sempre foi feita de maneira livre. Pintava e pinto até hoje o que gosto e me identifico sem me prender às técnicas e às didáticas. Não que não ache importante para um artista. É que realmente nunca pensei em procurar, revelou ele.

Carioca apaixonado por seu país, por sua cidade e pela vida, Paulo Amorim retrata em suas telas a grandeza e a riqueza de tudo que ele vive, sente e vê. Nas telas deste maravilhoso artista, encontramos preciosidades da nossa cultura popular, do mundo urbano, do mundo do campo, da religiosidade, da nossa ímpar miscigenação, música e costumes.

Com traços naifs, geométricos e precisos o artista dá forma às suas paixões, exacerbando lindamente características comuns e incomuns de seus personagens e elementos figurativos.  Usa seu pincel em consonância com uma paleta de cores quentes e fortes, não propriamente por questões estéticas, mas por afinidade com tais tonalidades: eu gosto muito das cores quentes e fortes. Para mim elas transmitem mais alegria e como faço minha arte pautada principalmente na alegria, as uso em todas as minhas pinturas. Além disso, acho que as cores fortes e quentes colaboram para uma melhor percepção dos detalhes dos meus traços no conjunto da obra, explicou Paulo Amorim.

E sim, o artista faz uso das cores quentes e fortes com muita propriedade, sem pecar no exagero e excesso. Suas obras oferecem um colorido bem peculiar, que dialogam perfeitamente com suas paisagens e personagens, enfatizando seus traços e formas. Como dá vida ao que gosta e vive, sua arte transita entre o urbano e o rural, apresentando personagens bem marcantes de ambos os mundos e da nossa cultura popular, acudidos de elementos que também fazem parte de seus cenários.

Indígenas, homens do campo, mulheres, músicos, bares, favelas, santos católicos, instrumentos, serestas, boemia, monumentos urbanos, casarios, paisagens urbanas e rurais, pontos turísticos carioca, igrejas, casebres, barcos de pescador e animais. Todos esses elementos seriam apenas mais do mesmo entre tantos já fotografados e pintados, não é mesmo? Só que não. E, é aí, que se encontra o maior desafio: o de dar vida e encanto a elementos tão difundidos e conhecidos por muitos, e que justamente por isso muitas vezes acabam passando desapercebidos pelo  olhar do expectador. As figuras e elementos das obras desse talentoso artista ganham uma repaginada dentro de uma perspectiva estética de composição material de movimento e volume, conceituadas na empatia, no prazer e na importância em se viver bem com o que a vida nos oferece, e na relevância de cada indivíduo e suas ações, para que os ciclos de vida sejam sadios e proveitosos para todos individualmente e coletivamente.

Seus homens do campo, por exemplo, ganham mãos e pés grandes e robustos simbolizando o valor de seu trabalho, seu esforço, sua luta, seu prazer em lidar com a terra e sua relação direta com a mesma. Seus lenhadores, agricultores e pescadores, mostram sua força e  dedicação não só ao ofício, mas também para com a terra que lhes provem. Seus índios, acompanhados de animais (em maioria), possuem olhares serenos que denotam harmonia com o meio em que vivem, enquanto outros já com olhares atentos à caça, porém sempre adereçados conforme suas raízes. Podemos perceber também a sensibilidade do artista ao pegar um mesmo monumento, como o Cristo Redentor, por exemplo, e dar a este vários ângulos diferentes sob um mesmo céu que se diferencia em cores naturais, diariamente. E assim é com todas suas paisagens e personagens, sempre atento ás mudanças onde para muitos parece nem sair do lugar. Desta forma, Paulo Amorim vai pincelando suas telas com a maior de todas as transformações: o tempo. Mostrando que nada é estático. Tudo está em constante movimento e transformação.

O artista, que faz questão de se auto-declarar “do povo”, indo além do popular, já realizou exposições individuais e coletivas. Mas é nas ruas de diferentes bairros e cidades, que Paulo Amorim já expôs e continua expondo sua arte. Ali, direto com o público, no habitat que mais gosta, em meio ao fluxo de pessoas e transportes, das paisagens urbanas e naturais, em meio aos diversos ambientes externos e aos diferentes sons, é que ele apresenta suas telas submersas em brasilidade, empatia e alegria, num mundo colorido que constrata com a difícil realidade, mas que sempre remete à beleza e a benção de estarmos vivos, e de podermos usufruir da magnitude da vida! Tendo isto, podemos afirmar categoricamente que a brasilidade das obras desse maravilhoso artista casa com o famoso dito popular: “A beleza está nos olhos de quem vê”! Indo mais além, de quem vive!

Viva Cultura!: Paulo, obrigada por aceitar nosso convite. Agradecemos a oportunidade em podermos estar divulgando e apresentando sua arte para nossos leitores.

Paulo Amorim: agradeço a Viva Cultura Revista digital por participar desta entrevista, e por fomentar e divulgar a arte visual brasileira.

NOTA: Todas as imagens gentilmente cedidas pelo artista.

SERVIÇO:

Para conhecer mais sobre a arte de Paulo Amorim:

@paulocezaramorimamorim

 

PRESTIGIE A ARTE BRASILEIRA!!